29 de maio de 2017
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Seu pai te amou – por Dany Braga

Me casei com 21 anos com o pai da minha filha, mas nos divorciamos. O reencontro e um novo casamento nos trouxe dias felizes e uma filha linda. Mas, quando eu estava grávida de 5 meses, ele faleceu, ataque do coração, fulminante, não deu tempo de chegar ao hospital, estava dirigindo. Foi socorrido por uma dentista e um bombeiro, mas não tinha mais nada a ser feito. Comecei a desabafar em um blog chamado Seu Pai Te Amou (www.seupaiteamou.blogspot.com). Falava sobre a dor, a perda, a luta para ela nascer, tinha medo de esquecer porque, conforme o tempo passa, podemos esquecer detalhes e as histórias importantes.

Seu pai te amou

Saí do trabalho e, por passar muito tempo sozinha, comecei a escrever pensando que seria só para registrar os momentos felizes com ele, para, um dia, minha filha ler sobre o pai que não irá conhecer. Acabei falando do que estava se passando nas nossas vidas, passei por todos os estágios do luto. Não aceitava, fiquei com raiva, queria que ele me ligasse, senti saudades, chorei. Desligar o celular e deletar a conta de e-mail foram momentos que nunca vou esquecer, me mostravam que não, ele não iria voltar, que não iria estar ali para conhecer a filha que tanto desejou e amou.

Minha pressão subiu no final da gestação, ela quase nasceu pré matura. Veio ao mundo com 37 semanas, mas quase morreu no parto. Nunca senti tanto medo em minha vida, depois tive dores horríveis na coluna e depressão pós parto, superei tudo porque minha filha dependia de mim. Ela foi crescendo e os seus questionamentos eram intermináveis.

Por que não tenho pai igual aos meus coleguinhas?

Sempre expliquei conforme ela podia assimilar, que ela tinha um pai sim, só não estava aqui. E este “aqui” ela não entendia. Aos dois anos ela pedia para ele voltar da estrela. Eu chorava muito. Hoje ainda não sei como lidar com isso e se ainda estou transferindo a minha dor para a falta paterna dela. Comecei a fazer terapia no ano passado, foi uma decisão acertada. Hoje vejo as coisas de uma maneira mais leve, percebi que a culpa materna que me perseguia com a cobrança de ‘ter’ que dar conta já passou, ela cresceu. Aprendi a ensinar a gratidão, fazê-la entender que tem pessoas que a amam, que a mãe está aqui para ajudá-la no que for preciso e a explicar os processos da vida: temos quedas, problemas (no outono as folhas caem, mas é necessário para a primavera!)

Acredito que um dia poderei ajudar outras mães que vivenciam o luto, alguma perda ou a depressão pós parto a superarem, a saberem que tudo um dia melhora, se acalma e a vida segue. Hoje ela está com 4 anos, é uma menina linda, inteligente e que entende melhor a morte do pai. Ainda estou tentando ‘desconstruir’ a visão que eu tinha da mulher que trabalhava fora, que sempre foi minha realidade. É difícil, sofri, não aceitei, tentei voltar, não tinha com quem a deixar quando adoecia ou nos feriados. Percebi que preciso me alegrar nos pequenos momentos, como vê-la procurar pegadas de dinossauro na volta da escola, ganhar florzinhas e sentar ao sol durante o Ballet! A vida segue e é linda…

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