Padecendo pelo Mundo é uma coluna que mostra a vida de brasileiras que foram morar em outros países, hoje temos a história da Paula Papatella nos EUA.
Paula Papatella nos EUA
Meu nome é Paula, moro nos EUA há quase 14 anos! Me casei em junho de 2002 e, em agosto, já estava na Califórnia! Tudo novo: sai da casa dos meus pais para morar num lugar onde não conhecia ninguém!
Até hoje sinto falta da família por perto e dos amigos do coração, mas não me arrependo nem por 1 minuto, amo morar nos EUA e faria tudo novamente.
Nos EUA – Califórnia
O início foi difícil, meu marido veio fazer doutorado na UC Berkeley e ralava bastante. Eu não gosto de ficar sozinha, sempre preciso de gente ao meu redor, então fui fazer aulas de inglês para ver se arrumava uns amigos. E foi ótimo. Conheci gente do mundo todo!
Depois de alguns meses consegui emprego num escritório de arquitetura. Me realizei, trabalhando na minha área (sou arquiteta), conheci pessoas novas e aprendi muita coisa. Eu trabalhava demais, de 8 da manhã até 8 da noite e, quando tinha que entregar projetos, até 2 ou 3 da madrugada! E assim foi durante 7 anos, eu e meu marido, sem filhos, viajando pelo mundo, e claro, sempre indo ao Brasil, felizes e realizados, cada um na sua área.
Rhode Island
No sétimo ano meu marido recebeu uma proposta de emprego em Providence, Rhode Island. Ainda nos EUA, mas do outro lado do país. A mudança seria da maior economia daqui para o menor estado! Pensamos muito e resolvemos dar este novo passo na nossa vida. Mudei pra Providence grávida de 6 meses. Uma gravidez super planejada e desejada (eu já tinha engravidado uma vez, mas tinha sido ectópica).
Tudo novo, mais uma vez! Sem conhecer ninguém, coração apertado de largar tudo que tinha conseguido, além dos amigos que tinham se tornado minha nova família! O país estava numa crise enorme e nada de ofertas de emprego em arquitetura. Decidi curtir o resto da minha gravidez e arrumar a minha casa nova, além de procurar novos amigos. Todo evento que meu marido tinha, eu ficava conversando com as pessoas mendigando amizade!
Fiz yoga pré-natal e conheci a Vanessa, uma amigona que me adotou no primeiro dia! A gente estava conversando em inglês e eu perguntei se ela sabia se teria uma menina ou menino. Ela falou “menina”, e eu, para render a conversa, perguntei se já tinham escolhido o nome. Ela falou “Elenice”. Na hora eu pensei: “ela tem que ser brasileira ou portuguesa pra dar este nome para a filha”. Perguntei de onde ela era e ela respondeu “Pawtucket”(uma cidade aqui perto!). Quando eu falei que era brasileira, ela sorriu e falou: “eu também”. Somos BFF, como falam aqui. Participei de grupo de mães e arrumei muitas outras amigas também. Fase nova da vida, totalmente diferente da Califórnia.
No início, a Sofia, minha filha, ocupava todo o meu tempo, e eu estava feliz com isso. Passado um tempo, eu comecei a sentir falta da minha vida profissional, mas aí veio um dilema: sem família por perto, não queria deixá-la num daycare o dia todo. Eu não sabia o que fazer!
Empreendendo
Na festa do segundo aniversário da Sofia, eu e a Vanessa fizemos várias coisas lindas e personalizadas para a decoração. Os convidados ficaram impressionados e pediram para que fizéssemos as festas dos filhos deles. Fizemos mais 3 festas, e assim surgiu a nossa empresa: Festiva Party Design. Trabalhamos de casa, com horário flexível e curtindo as fases da vida dos nossos filhotes (Sofia e Elenice têm 6 anos e eu tenho um bebezinho de 9 meses, o Benjamin).
Saudades do Brasil? Claro, mas sou muito feliz aqui! E o que era para ser uma experiência provisória (saí do Brasil falando que voltaria em 5 anos!), virou permanente.
A segurança é uma coisa que me acostumei. Minha casa não tem muros, a gente anda de bicicleta na rua sem preocupação, viajo e deixo a casa sozinha sem stress nenhum.
Sofia é fluente em português e inglês. Aprendeu a ler e a escrever em inglês na escola e eu estou ensinando português em casa. Temos uma regra que em casa, quando não temos visitas, só se fala português! Ela escreve umas coisinhas erradas ainda, mas faz parte do aprendizado!
O povo é diferente, a cultura é diferente, e com isso acho que mudei bastante, mas continuo sendo brasileira no coração, e sempre que posso, quero ensinar as pessoas as maravilhas do nosso país. Sofia fala que é brasileira também, e várias coleguinhas querem ir passar férias no Brasil com a gente!
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