Meu filho tinha um ano e dez meses, frequentava uma escola e era o mais novo da turma. Seria iniciado o desfralde de todas as crianças da sala e, embora ele fosse bem mais novo que a maioria, a orientação que recebi foi que ele conseguiria acompanhar a turma e seria melhor fazer junto com o dos colegas a fazer o desfralde dele sozinho depois. O que não me avisaram é que o “Terrible Two” estava para chegar e, desfralde mais essa primeira adolescência (para a qual eu não havia me preparado), seria uma bomba!
Anos depois, olho pra trás e vejo que não teria sido tão terrível se eu tivesse compreendido melhor a fase. Não tem nada de terrível, você engravida, enjoa, fica imensa, e um dia seu filho nasce, são várias fases e a gente vai passando por aquilo tudo imaginando um bebê fofinho e sorridente. Não, ninguém vai me dizer que conseguir ficar pensando no que podia dar errado, ninguém ficava imaginando que o bebê ia ficar horas chorando e se contorcendo com cólicas, ou que ia ter otite de repetição, ou refluxo. E mesmo que a gente ficasse lendo sobre isso, nada nos prepararia pra manter a calma depois de horas ouvindo uma pessoinha berrar fazendo tentativas vãs de cessar o choro! Isso até podia passar pela cabeça da gente durante a gravidez, mas de uma forma muito vaga.
Meu filho era um bebê calmo, risonho, só chorava se sentisse fome. Depois chorou um pouco com dor de ouvido, mas coisa rápida que foi resolvida com medicação. Passei quase dois anos com um bebê fofo em casa e ninguém me avisou que, um dia ele ia se tocar que ele não era um pedaço da mamãe, que ele era um outro ser e que ia fazer de tudo pra provar pra ele e todo mundo que ele era ele e eu era eu. Então ele passou a se comportar de modo opositivo a todas as minhas solicitações, passou a berrar e espernear pra tomar banho, pra comer, pra dormir… Não! Não! Não! A gente pode pedir o que quiser, a resposta será sempre NÃO! Mas era tão simples, era só eu pedir pra ele não fazer o que na verdade eu queria que ele fizesse, ai, pra me contrariar ele o faria. Seja como for, a gente acaba aprendendo a lidar com isso e essa adolescência passa. Na verdade não passa é nunca, mas a gente aprende a ter jogo de cintura, não é o filho que muda, somos nós, as nossas atitudes. Mas tem que tomar muita porrada até aprender a ter esse bendito desse jogo de cintura.
Seja lá como for, ninguém me avisou que era melhor fazer uma coisa de cada vez, então eu tive que encarar desfralde e “terrible two” daquele bem grave, tudo ao mesmo tempo. As orientações da escola foram:
- leve a criança a cada 10 minutos ao banheiro
- não coloque fralda em momento algum para que ela não se confunda, agora eu não preciso ir ao banheiro porque estou de fralda, agora eu tenho que ir ao banheiro porque não estou de fralda.
- só coloque a fralda na hora de dormir.
Eu morava ao lado da escola, então não corria risco de xixi no carro no percurso, mas nos finais de semana tinha que colocar um tapetinho higiênico pra cães forrando a cadeirinha do carro. Ainda assim ela teve que ser lavada algumas vezes.
Mandava vários shorts e cuecas pra escola, mas lá as coisas corriam bem, poucas vezes o xixi escapulia fora de hora. Mas quando chegava em casa, aff. Leva pra fazer xixi, ele faz bonitinho no vaso, mas garante uma reserva para, cinco minutos depois, molhar a roupa e o chão. E a gente não pode brigar. E foi assim por um bom tempo.
Antes meu problema tivesse sido só o xixi. O maior problema de tirar a fralda cedo demais é o intestino. Meu filho e muitos outros passaram a prender o intestino, alguns só conseguem fazer cocô se estiverem de fralda, outros chegam a precisar de remédios. A pediatra do meu sugeriu dar uma colher de leite de magnésia duas vezes por semana, e isso ajudava sim, ficava mais difícil segurar. Mas muitas vezes a solução que a gente encontrou foi coloca-lo no trono e ler uma história enquanto esperava.
Se fosse pra fazer tudo outra vez eu teria esperado mais uns seis meses para iniciar o desfralde, ele teria mais maturidade e eu saberia lidar melhor com o “terrible two” e não seria tudo ao mesmo tempo agora. Também sinto que o desfralde noturno tem mais sucesso quando é feito praticamente junto com o desfralde diurno. A criança consegue entender tudo com um processo único e não como duas coisas distintas. Até ele completar seis anos eu penei com o xixi na cama. As vezes ele passava temporadas acordando seco, mas sabe-se lá por que, de repente chegava a fazer três xixis na cama na mesma noite. Sim, xixi na cama pode estar associado a algum trauma e, por causa dessas recaídas estou vetando alguns filmes que ele pedia pra ver, tipo “Star Wars 1, 2 e 3”, ou de “De Volta para o Futuro” ou esses de super heróis, porque todos eles tem algumas cenas violentas que não são adequadas para a idade.
Vejo que há muitas coisas que as pessoas nos dizem e, por inexperiência a gente acaba acatando. Cada uma conhece seu filho, cada uma pode ouvir um palpite e deixar seu coração definir se vai dar certo ou não pro seu filho. Porque coração de mãe sabe o que é melhor pro seu filho e a gente precisa entender que não tem nada mais certo que intuição de mãe.
Quando chegar a hora de desfraldar seu filho você vai saber, mas olha, não é pra esperar a adolescência não, entre 2 e 3 anos, ok?
A dica é observar se ele já fica incomodado com a fralda, se já sabe dizer se está querendo fazer xixi ou cocô, se já pede.
O tal do troninho, vamos combinar, uma besteira, não é? Porque sair andando transportando xixi e cocô pela casa se você pode usar um redutor básico no vaso sanitário e tudo já cair no seu devido lugar? O tal do troninho musical então, hein? Surreal, nem vou comentar. Compra o mais baratinho que dá certo. Lembro-me de comprar 3 modelos diferentes pra testar, um acolchoado, um sei lá como e outro básico e baratinho que foi o escolhido pelo meu filho. Para os meninos é legal comprar um banquinho pra eles subirem e fazerem o xixi em pé (ai que inveja).
E lembre-se, tenha muita paciência, as crianças nunca vão querer parar de brincar pra ir ao banheiro, a gente precisa lembra-las sempre, ou escapole mesmo!
Faça um estoque de calcinhas ou cuecas e panos de chão e boa sorte!