Depois das reações aos depoimentos da Bebel sobre parto normal e amamentação, resolvi contar as minhas experiências. Acontece que vivi exatamente o oposto dela: 3 cesáreas e a novela da amamentação, sofri para amamentar.
Novela da amamentação
A primeira cesárea veio depois de horas de indução e a indicação de que minha pressão estava subindo. Minha médica foi muito habilidosa e a cirurgia, a primeira da minha vida, correu muito bem. Foi muito emocionante, fiquei com meu filho e não me senti violada em nenhum momento. Apesar do tipo de parto não ter sido uma questão de escolha, já saí dele com meu saquinho de culpa. Afinal, não era a parideira que esperava.
Aí começou a novela da amamentação. Benjamin mamou no hospital e teoricamente tinha tudo pra ser uma super amamentadora. Alguém já disse que a expectativa é uma merda? Tive uma mastite brava e senti uma dor que não desejo pra ninguém. Lutei de todas as formas pra amamentar. Consultoria de especialistas, obstetra, pediatra, mãe de santo, o que falavam que ajudava eu fazia. Lutar parece forte pra algo tão natural, né? Mas foi uma batalha por dia até a hora em que não aguentei mais e joguei a toalha. Mais recheio pro saquinho de culpa.
2º filho
Logo que parei de amamentar engravidei e por incrível que pareça foi tudo mais fácil. Dessa vez a pressão não se alterou, mas tive diabetes gestacional. Fiz dieta e controlei a glicose, pois é uma doença que pode ficar se a mãe não se cuidar. Fiz outra cesárea pela diferença de tempo entre os partos e pela diabetes. Outra decisão acertada da minha médica, pois o útero estava quase se rompendo. Aurora nasceu bem chorona, mas muito fofa. A amamentação foi bem mais tranquila, apesar de só ter conseguido chegar ao quinto mês.
3º filho
Dois anos e pouco depois fiquei grávida novamente. Pressão tranquila, mas a diabetes não desistiu, não. Fui tão aplicada nos cuidados que ao final da gravidez estava mais magra que no início. Tudo correu bem e fiz mais uma cesárea. Caso não pudesse mais ter filhos faria a laqueadura de trompas, mas ao fazer a cirurgia o obstetra assistente falou que poderia ter quantos mais quisesse. Valentina nasceu enorme! Era o maior bebê do berçário, mamou melhor que os outros dois e me deu esperanças de finalmente amamentar como sonhei. Ledo engano.
Começou tudo bem com muito leite, mas logo o leite diminuiu – dessa vez não tive mastite – e fiquei sofrendo horrores na bombinha elétrica. Não conseguia descansar pra ter leite. Bebia litros de água, chá de tudo quanto é jeito, comia os amidos estimuladores, etc, etc. Ao final do segundo mês já quase não amamentava. Não porque não quisesse, mas não tinha leite. Tentei de tudo e mais um pouco, mas chega um momento em que temos que nos desapegar. Fiquei arrasada, chateada e traumatizada a ponto de não querer ter mais filhos (ok, três está bom demais).
Nem sempre as coisas são como esperamos e tudo bem
Amamentar é tão bom quando dá certo! Tive alguns momentos de sucesso que valeram todo o sofrimento, mas ficou claro pra mim que não é tão fácil. Ou melhor, para algumas pessoas é natural, para outras não é.
Meu sonho era ter filhos que escorregassem perna abaixo, daqueles casos em que vamos para a maternidade apenas para ter certeza de que está tudo bem. E também ter leite suficiente para amamentar e doar, não seria lindo? Muitas vezes a realidade passa bem longe dos nossos sonhos e tudo bem.
Antes, depois, no fundo, na ponta, no coração, somos todas mães.
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