Menstruei aos 10 anos, na noite de Natal. Estava com meus pais e meu irmão em casa e teve brinde para comemorar a “mocinha” da casa. 27 anos depois e eu ainda estou aprendendo sobre esse ciclo, nosso sangrar de cada mês, que é cheio de dicotomias gosto/não gosto; dói/acalma; bom/ruim.
No meu contexto social, a única coisa positiva que eu aprendi sobre a menstruação é que ela representa vida, por causa dela eu poderia ser mãe. Mas, hoje, eu estou conhecendo cada vez mais sobre o universo do aparelho reprodutor feminino e tudo começou com o tema que trabalho (e amo): a Sustentabilidade.
O Feminino
Foi pesquisando formas de coletar/absorver minha menstruação que me vi estudando sobre o poder do feminino. Eu que só queria entender a melhor opção entre coletor, absorvente de pano ou calcinha absorvente me vi ressignificando o nosso sangrar de cada mês.
Primeiro, vou responder à pergunta sobre a melhor forma de coletar/absorver a menstruação: é aquela que você se adapta melhor. Os absorventes descartáveis fazem muito mal ao meio ambiente, mas tem gente que não consegue se adaptar às três opções descritas acima. Então, caso continue com o método mais comum, que tal fazer uma medida compensatória para a natureza?
Nosso sangrar de cada mês
Eu, particularmente, tentei por 4 meses usar o coletor e não consegui. Hoje, uso o absorvente de pano e a calcinha absorvente. Foi difícil me acostumar, porque eu tinha a sensação de que ia escapar, mas deu certo (e estamos falando de fluxo intenso). Nos primeiros dias uso os dois juntos (calcinha + absorvente) e tenho que trocar duas vezes em 12 horas. O macete é andar com saquinho de papel ou ecobag para guardar até chegar em casa).
A segunda parte dessa história é que eu só consegui fazer a mudança do absorvente convencional porque substitui a ideia negativa da menstruação (aquela dicotomia que falei no início) pela percepção do quão é bonito menstruar. A gente cresceu ouvindo:
“como confiar em mulher? É um bicho que sangra todo mês”
ou “cuidado para não aparecer o absorvente na roupa”
ou ainda “além do sangue, ainda tem cheiro”.
Realmente, não tivemos opção a não ser detestar aqueles dias do mês.
Mas, e se olharmos por outro ponto de vista: o que a menstruação diz de mim e do meu corpo? O que ela pode trazer de benefícios para mim? Não vou dar respostas para essas perguntas. O processo de autoconhecimento é muito lindo e individual, mas vou deixar alguns dados para incentivar essa descoberta em cada uma de vocês. E adianto, vale muito a pena fazer as pazes com a nossa menstruação e com o nosso corpo.
Vamos lá:
- Desconstruir nossa relação com a menstruação é o primeiro passo.
- Menstruação não é nojento!!! Essa é uma colocação imposta a nós, mulheres.
- A menstruação nos ajuda a ler nossos corpos e nos perceber é lindo.
- Menstruação é também limpeza do corpo.
- Menstruar impacta nossas emoções – esqueça as falas pejorativas sobre a TPM e perceba novas sensações durante o seu ciclo.
- Menstruar potencializa muitas características da mulher, inclusive para o trabalho (super indico a pesquisa)
- O nosso sangue tem função fertilizante para plantinhas. Use como parte do adubo.
- Em agosto é celebrado o Dia Mundial do Plante sua Lua (já ouviu falar?)
Eu sou Luana, tenho 37 anos, mãe de dois filhos, não uso contraceptivos com hormônio, estou com ovário policístico e consigo sentir cada fase do meu aparelho reprodutor (são duas principais) e a minha fase preferida é a ovulação. Uso absorvente de pano e calcinha absorvente E você? O que sabe dizer do seu ciclo?