Menos é mais. Com a greve nacional dos caminhoneiros, ficamos privados de itens básicos como gasolina, gás, alimentos, escolas e outros bens de consumo considerados importantes. Em um primeiro momento de desespero corremos aos supermercados e às filas quilométricas nos postos. Com isso, nos vimos forçados a observar o nosso modo de viver. Obrigados a reduzir o consumo e deixar o carro na garagem, fomos forçados a aprender a viver com menos. Aderimos às caronas solidárias, ao consumo consciente, pedimos ajuda, dividimos e descobrimos que não precisamos de tudo o que compramos. Não mesmo.
Menos é mais
Observamos com isso, que podemos viver de um modo mais solidário e colaborativo. Entendemos que esse modo individualista que estamos levando a vida ate hoje, está em colapso. Mas, o mais importante, foi descobrir que a frase Menos é mais nunca fez tanto sentido como nestes últimos dias. Longe de ser filosofia sem sentido e distante de nossas vidas práticas, o minimalismo é algo importante para nos livrar de “coisas” desnecessárias em nossas vidas, sejam elas materiais ou de enredos psicológicos. Aliás, como nos alerta a escritora Francine Joy, em seu livro sobre minimalismo, algumas “coisas” que possuímos são tão inúteis e pesadas quanto o fato psicológico ou emocional que nos ligam a elas.
É hora de realizar uma faxina nesses entraves materiais ou imateriais que nos escravizam. Basta parar e observar o que é realmente essencial. Afinal, o que realmente é importante para nós? O que de fato é imprescindível?
Somos condicionados todo o tempo a acreditar que as “coisas” que temos não nos bastam. É o sentimento da “Falta” humana que Freud tanto descreveu. Esta “falta” , este vazio inerente ao homem, acaba sendo manipulado para que acreditemos que só seremos felizes se comprarmos “coisas”, se estivermos fazendo “coisas” 99% do nosso tempo, ou se estivermos atrelados com alguma “coisa” psicológica. Essa quase indefinível sensação de necessidade e carência foi descrita também pela filosofia, pela psicologia e pela
literatura. Para alguns ela é intensa, para outros se apresenta menos profundamente e com mais raridade. Porém, uma vez ou outra na vida, ela nos toma. E a indústria, a publicidade e às vezes algumas pessoas nos condicionam a acreditar que precisamos de “coisas” cada vez mais e mais.
A falta
Se admitirmos que essa falta jamais será preenchida com as ilusões do universo material, ou mesmo emocional, vamos abrandar a fome com que nos atiramos às pessoas e às coisas. Dessa maneira, é possível nos contentarmos mais com a vida simples e até nos alegrarmos e nos sentirmos gratos com o que já temos. O grande segredo é optar pelo simples. Depois que você priorizar o que é necessário para sua sobrevivência, lazer e saúde, observe quais são as ações imprescindíveis para suprir estas necessidades e pronto! Ou seja, invista
o seu tempo naquilo que realmente facilitará a realização de seus objetivos definidos. E priorize o simples, o menos.
Certamente, dessa forma transcenderemos a falta e acordaremos para o que é essencial. A simplicidade é a complexidade que preenche: o sorriso do filhos, o carinho do bichinho de estimação, as cores do céu, o frescor do vento, o acolhimento do amigo, a beleza das flores, dos pássaros, o agradecimento do amigo, a solidariedade de um desconhecido, o sentimento indescritível que surge da colaboração com o outro … e é nesse lugar, simples, que você se encontrará, preenchido, sem falta.
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