Esse texto refere-se ao desfecho dessa outra história: Desabafo de uma mãe
Minhas lágrimas de agora são de uma emoção exatamente por confirmar que tudo passa mesmo! Mas passa, se e quando decidimos fazer com que passem…
Em 2014, traçamos muitas “lutas jurídicas” com a direção do Colégio onde meu filho estudava. Augusto continuou a ser querido pela coordenação e a professora, mas inevitavelmente tudo isso foi chegando nele também.
Nós exigindo os direitos do nosso filho e eles cumprindo meramente o determinado pela lei, que nos desampara ainda em muitos pontos. O MP interviu em vários momentos e fizemos a tentativa dele ser assistido durante “as atividades pedagógicas” por uma auxiliar, deslocada de sua função na turma do Infantil 2. Sim, ela saía de lá para vir “fazer a atividade” com Augusto. Certamente, sem o conhecimento dos pais das crianças da outra turma, obviamente porque a ausência de uma cuidadora nessa idade é obviamente impactante. Mas como eu disse, foi o oferecido pela escola ao MP e não tivemos outra opção além de aceitar a experiência.
Como pedagoga e mãe, penso que “atividade pedagógica” é todo momento em que se ensina e aprende, não apenas em atividades dirigidas, com papel, com registro, etc. E foi nessa linha de raciocínio que fomos nos inquietando ao longo do ano. A pasta de registro das atividades “especiais” dele era primorosa, os resultados nem tanto.
Além disso, no segundo semestre ele passou a reagir para ir à escola. Começamos a observar crianças com comentários indevidos sobre suas dificuldades e não houve abertura da escola para realizarmos um momento de diálogo nosso com os demais pais, para explicarmos suas deficiências e aprendermos juntos a conviver com as diferenças. As experiências ruins foram se repetindo… Eu nunca sabia o que encontraria na saída ou o que ouviria quando meu celular tocava de lá. Fazia um boca a boca como conseguia, recebia olhares as vezes cruéis porque meu filho era uma simpatia para alguns, mas “o mordedor” para muitos, por ex. Sem ocultar de nenhuma forma o erro de agredir quem quer que seja, mas é muito mais fácil culpar apenas a criança e sua família do que questionar o que a escola vem fazendo em parceria com as famíliaS…
Fato é que o afastamos da escola em novembro porque todos os dias eram dia de choro pra vestir uniforme. Todos os dias eram dia de choro voltando para casa, sem saber falar, sem saber gesticular e contar o que viveu, e a escola se negando a fazer um diário sintético do dia para nos auxiliar nessa comunicação… Enfim, ficou insustentável no fim de outubro.
A boa (ótima, super, ultra, mega, sensacional!) notícia é que tudo passa. E buscamos novos caminhos para nosso filho…
Encontramos acolhimento e generosidade em um jardim Waldorf chamado Ninho. Lá, nosso filho é feliz como nunca havia visto… Aprende livre, brincando e sendo criança em contato direto com a natureza! Suas dificuldades não o deixam em desvantagem em nada, são vistas com a naturalidade de quem entende que tudo se realiza mediante processos… Ele é querido por todos! Houve transparência sobre a inclusão dele desde a primeira reunião de país e lá o que menos importa é isso. É visto como uma criança, e só. Sem rótulo. Aconteceram momentos difíceis por lá também, mas todos eles aceitos como fases do aprendizado de uma criança! Sem olhares atravessados… Pelo contrário, famílias que se unem para educarem seus filhos a lidar com a vida desde tenra idade, dentro de suas diferenças e capacidades.
Sobre meu receio em relação à alergia alimentar, fui surpreendida pela imediata disponibilidade de excluirem leite e soja da dieta da escola para que ele pudesse fazer as refeições como todos os outros! Me encanta ouvir os relatos dele de ter ajudado a fazer o suco natural, ter preparado o pão, ou qualquer outro alimento. Nos emociona ver como ter a oportunidade de se alimentar junto, em igualdade fez bem para a auto estima dele! Continua a saber de suas restrições e convive com isso com muito mais leveza nos demais ambientes…
Lutem enquanto considerarem esse o caminho. Mas escolham suas lutas, como diz o sábio ditado. Sejam valentes também para aceitar o que não pode ser mudado, para partir em busca de algo melhor no futuro…
O desfecho é esse. Foi uma etapa importante, aprendi a lutar como nunca teria aprendido. Mas passou. Eu quis que passasse.
E hoje meu filho é mais feliz e eu também.
Muito feliz por você e pelo Augusto!!!
Há momentos de luta e há momentos de colheita.
A semente foi plantada.
E hoje o caminho é de uma trilha suave!
Dias de colheita!
Amém!