Hoje comemoramos o dia nacional de incentivo à adoção, criado em 1996, no I Encontro Nacional de Associações e Grupos de Apoio a Adoção. Por isso, acho uma ótima oportunidade para falarmos um pouco sobre o que é preciso fazer para habilitar-se como pretendente à adoção.
“Sempre me perguntei se eu estava preparado para adotar. Então, eu percebi que nenhuma criança está pronta para ser órfã”
(Autor desconhecido)
Habilitação como pretendente à adoção
Por Letícia Greco Rodrigues
O primeiro passo é providenciar a documentação exigida, por lei, e que está listada no site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (https://www.tjmg.jus.br/infancia-e-juventude/adocao/). De posse da documentação, os interessados devem comparecer na Vara da Infância e Juventude, localizada na Avenida Olegário Maciel, 600.
Depois que a documentação for entregue, será feita a inscrição para a participação no Curso Preparatório que é realizado em duas quartas-feiras do mês, durante duas horas e meia. O curso visa esclarecer aspectos jurídicos, sociais e psicológicos sobre a adoção.
Após esta etapa, será feita uma visita à casa dos pretendentes pelo Comissário da Infância e Juventude e posteriormente, um estudo psicológico e social no Setor de Estudos Familiares. A partir de então, o processo será encaminhado para a apreciação do Promotor e então, caso não existam impedimentos, será determinada a inclusão dos pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção.Este processo de habilitação leva cerca de um ano.
Algumas pessoas se queixam e acham o processo muito burocrático, mas sempre convido a pensar na responsabilidade que temos ao entregar uma criança que já foi vítimas de diversas negligências, a uma família. Acho que todos concordam que tudo deve ser mesmo muito bem avaliado para que a criança não seja novamente exposta a uma situação onde seus direitos sejam novamente desrespeitados.
Depois que a pessoa está inscrita ela vai aguardar ser chamada para uma criança dentro de um perfil previamente escolhido. Isso é o que às vezes gera o maior tempo de espera, já que a maior parte das pessoas desejam crianças brancas/pardas de 0 a 2 anos de idade. Hoje, nos abrigos, a maior parte das crianças que aguardam uma família são pardas/negras e com idades entre 7 e 17 anos de idade.
Muito ainda precisamos avançar naquilo que diz respeito a adoção. A nossa sociedade ainda é muito preconceituosa e as pessoas ainda possuem uma imagem de que a criança adotada necessariamente será um problema. E isso não é verdade! A adoção, especialmente a de crianças acima de 3 anos, tem seus desafios próprios, mas quando o desejo é de se ter um filho e amá-lo, muitos problemas são amenizados.
Criar filhos não é fácil, sejam eles biológicos ou adotados. Crianças e adolescentes considerados problemáticos podem ocorrer em famílias onde só existam vínculos biológicos, bem como em famílias com vínculos através da adoção. A estruturação familiar, as questões relativas à parentalidade e o afeto serão muito mais determinantes do que a questão apenas hereditária. Por trabalhar na área, digo que é possível adoções bem sucedidas e que um bom processo reflexivo e preparatório é fundamental.
Se você pensa em adotar, leia, veja filmes, documentários, familiarize-se com o tema. Os grupos de apoio à adoção são locais que também ajudam muito nesse processo de decisão, no processo de espera pelo filho e no momento pós-adotivo. Procure um grupo em sua cidade. E sobretudo, prepare seu coração para viver uma experiência de amor! Sem idealizações, real, desafiante e apaixonante!
Digo para vocês que o mais emocionante é perceber a mudança nos olhinhos das crianças, ver voltar o brilho, que somente o amor é capaz de dar. No final das contas, você verá que mais do que adotar alguém, você será adotado.
Deixo esse vídeo, para mostrar que não existem limites para o que a verdadeira adoção pode realizar.