Quem nunca passou pela situação de estar dirigindo e, de repente, escutar o barulho do cinto de segurança que prende a cadeirinha se soltando com o carro em pleno movimento? Quem nunca ficou tentado em parar o carro e tirar o neném do bebê conforto para aliviar a choradeira na sua cabeça? A eterna briga com a cadeirinha do carro…
Eterna briga com a cadeirinha do carro
A cena é mais ou menos assim:
O bebê está sentado no banco de trás, em seu bebê conforto (que não deve ser lá muito confortável, apesar do nome!), virado de costas para as demais pessoas, e dando de cara com um banco preto em sua frente. Coisa mais sem graça! Nessa hora ele se dá conta de que aquilo ali não está legal, que não tem o colinho dos pais por perto, e começa a chorar.
Você está dirigindo no trânsito caótico e o moleque não pára de berrar no banco de trás. O sinal fecha, abre, fecha de novo e você não consegue andar. O berro aumenta. Você começa a suar de nervoso. O choro aumenta mais um pouco… Aí o pai/mãe para o carro e solta o bebê. Ele imediatamente para de chorar, abre um sorrisão e fica tudo bem novamente.
Pronto! Ele conseguiu o que queria!
Os bebês não sabem falar, não sabem se expressar corretamente… A única forma de se comunicarem é através do choro. Ele está te pedindo para sair do bebê conforto e se você ceder ele vai entender e aprender a mensagem: “Opa, se eu chorar, chorar o mais alto que eu puder, alguém vai vir aqui me socorrer!” O contrário também é verdadeiro. Se ele chorar loucamente e você não ceder, ele vai entender que não adiantou e vai parar de chorar. Nem que seja de cansaço!
O que quero alertar aqui é para a importância de não ceder ao apelo do seu filho para sair da cadeirinha. Não pela multa que você pode tomar, mas sim pelo risco que você passa a expor a vida dele.
Em todas as palestras e cursos da Vou Ser Pai eu abordo esse assunto. Outro dia, estava fazendo uma palestra em Fortaleza e um homem começou a chorar quando abordei o tema. Ele pediu licença, interrompeu minha fala para contribuir com um caso particular: seu irmão havia acabado de perder o bebê de 8 meses em um acidente de carro, em que o bebê não estava usando o bebê conforto. Estava solto no banco de trás, no colo da mãe. O bebê foi arremessado a uma distância de 60 metros e morreu na hora. Não foi fácil continuar a palestra depois.
Fico imaginando a dor de um pai, de uma mãe, que perde um filho por pura negligência. Por não querer, talvez, escutar aquele choro irritante no meio do transito caótico, ou por achar que o filho pode estar sofrendo com o desconforto do bebê conforto…
Quantas vezes estamos dirigindo por aí e, quando olhamos para o lado, vemos uma criança solta no banco de trás, às vezes até com o corpo para fora da janela?
Assunto inegociável!
Lá em casa esse assunto é inegociável. As crianças nunca andam (eu disse NUNCA!), fora da cadeirinha. Esse remorso eu não vou ter.