A hepatite A é uma doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas, sendo o tipo de hepatite mais comum na infância (também existem hepatites por vírus B, C, D, E e G). A via fecal-oral é a principal forma de transmissão, também havendo a possibilidade de transmissão por meio da ingestão de água e alimentos contaminados, pelo contato pessoa a pessoa (intrafamiliar ou institucional) ou pelo contato com objetos de uso comum (talheres, copos, pratos, brinquedos etc).
O período de incubação pode variar de 15 a 45 dias, com média de 30 dias. A transmissão ocorre a partir de 2 semanas antes do surgimento dos sintomas até 2 semanas após o início da doença. Desta forma, pessoas contaminadas com o vírus e ainda assintomáticas, são capazes de transmitir a doença a pessoas susceptíveis e não vacinadas.
Os sintomas podem ser confundidos com uma síndrome gripal e, muitas vezes, são inespecíficos e passam despercebidos. Não é obrigatória a ocorrência de febre e apenas 5 a 10% das crianças menores de 6 anos evoluem com icterícia (tonalidade amarelada de pele e mucosas), sendo este sintoma mais frequente em adultos (mais de 70% dos casos). O quadro clínico se torna mais importante à medida que aumenta a idade do paciente. Como principais sinais e sintomas da hepatite A, temos: anorexia, mal-estar, náuseas e vômitos, febre (em geral baixa ou ausente), fraqueza, desconforto/ dor abdominal, diarreia, dores musculares, prurido, icterícia, alteração da coloração das fezes (fezes claras ou esbranquiçadas) e urina (urina escura, cor de chá ou de coca-cola), aumento do tamanho do fígado.
A evolução da hepatite A é benigna na imensa maioria das vezes, com recuperação total em poucas semanas. Porém, alguns casos progridem para a forma fulminante da doença, caracterizada por necrose submaciça ou maciça do fígado e insuficiência hepática aguda, deterioração neurológica e coma, progredindo em questão de dias.
O diagnóstico é feito baseando-se nos dados clínicos, epidemiológicos e laboratoriais, sendo importante realizar alguns exames de sangue, tais como, sorologia para hepatite A, provas de função hepáticas e dosagens das enzimas do fígado.
O tratamento é sintomático (objetivando-se o alívio dos sintomas) e de suporte clínico, com repouso relativo e dieta normal e habitual. Deve-se evitar o uso excessivo de qualquer medicação e de medicações sem orientação médica, inclusive de analgésicos comuns, como o paracetamol.
Por fim, a hepatite A também é uma doença prevenível por vacina, que está disponível em clínicas ou nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). Está indicada para todas as crianças acima de 1 ano e grupos de risco, como profissionais da área de saúde e aqueles que trabalham com crianças, pessoas institucionalizadas, receptores de hemoderivados, dependentes de métodos dialíticos, viajantes para áreas endêmicas da doença etc. A imunização é feita com apenas 1 dose inicial entre 1 e 2 anos de idade e 1 dose de reforço 6 a 12 meses após. O esquema é semelhante para os adolescentes e adultos não vacinados. É uma vacina bastante eficaz, mantendo níveis de anticorpos circulantes por mais de 20 anos. As reações mais comuns são leves e transitórias, em especial dor local, vermelhidão e leve endurecimento no local da aplicação da vacina. Outros sintomas, como febre, diarreia e vômitos ocorrem em menos de 5% das pessoas vacinadas.