08 de agosto de 2014
Comentário( 0 )

Desafios da maternidade

Faltam menos de 40 dias para meu segundo filho nascer. A ansiedade, expectativa, preocupação ocupam minha cabeça como se fosse minha primeira gestação. Muitas pessoas devem pensar “que mulher fresca”, mas sempre há um motivo. Primeiro porque um filho nunca é igual ao outro, então cada gravidez também é única. Esse já seria motivo suficiente, mas no meu caso e de muitas outras mães pode existir um ‘plus’.

Jaqueline Teles 2

Desafios da maternidade – Jaqueline Teles Lima

Minha primogênita tem 5 anos, e se chama Ana Carolina (Carol). É uma criança especial, especial em todos os sentidos, por ser única, por ser linda, por ser síndrome de Down. Descobri a síndrome com 6 meses de gestação, não é fácil, o mundo some debaixo dos pés. Marinheira de primeira viagem e com uma criança especial; eu achava que seria a tarefa mais difícil do mundo. E é. Não pelo fato da síndrome, simplesmente pelo fato de que criar um filho é uma tarefa difícil. Educar, oferecer uma boa escola, alimentação, vestuário, remédios, médicos, lazer, saúde… é muita coisa, e se nós como seres humanos somos falhos como garantir que estamos ensinando o melhor para nossos filhos?!?! Complexo criar filhos.

Em setembro nascerá o Augusto César. Estou feliz demais porque estou tendo a oportunidade de explicar calmamente para minha filha que no meu ventre está seu irmãozinho que vai protegê-la, que vai ama-la, que será seu companheiro e anjo da guarda.

Havia uma probabilidade de que esta segunda gestação também pudesse ser uma criança especial, com síndrome de Down. Por mais que eu estivesse feliz pela gravidez eu pedia a Deus para que fosse uma criança “normal” que não tivesse a síndrome. Alguns vão julgar claro, faz parte. Mas outros vão entender.

Eu como mãe de uma criança especial onde tive que levar (na verdade ainda levo, em menor frequência) minha filha em várias, inúmeras sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, equoterapia, que ouvi no dia do parto o médico falar que o CTI estava reservado em caso de necessidade por causa da cardiopatia, que vejo minha filha passar por discriminações, onde insistimos pela inclusão escolar e outras inúmeras situações, não queria passar de novo pela experiência do segundo filho ser especial. Seria mais fácil, eu não iria perder o chão como da primeira vez, mas eu pedia a Deus que não fosse outra criança especial. No ultrassom da translucencia eu estava travada, nervosa, morrendo de medo de entrar na sala, pois nesse dia o médico iria me falar com uns 60% de acerto se ele seria uma criança especial ou não. A primeira coisa que ele me falou é que seria um menino, já desabei a chorar porque hoje ele será o primeiro neto dos meus pais, são 5 netas. Depois não consegui controlar os soluços quando ele avisou que não encontrou nenhum traço de uma criança especial.

Alguns acham que seria melhor ele ser especial porque eles são mais carinhosos, serão companheiros para o resto da vida, que os olhinhos puxados são lindos, que eles são alegres. Mas parando para pensar, qualquer criança é carinhosa, qualquer criança é alegre, qualquer filho vai ser seu companheiro para o resto da vida, mesmo que ele tenha sua vida e a família dele, ele vai ser seu companheiro. Isso não é mérito de uma pessoa com síndrome de Down, isso é mérito de um filho bem criado e bem educado pelos pais.

E minha nova tarefa agora não é mais fácil do que a primeira, acho que ela é até mais difícil. Sem fazer comparações, sem preferências, reforçando conceitos sobre discriminação, preconceito que não fazem parte do checklist na criação das crianças, pois você só sabe que isso é importante quando vivencia essa situação, seja na família, no dia a dia, em seu circulo de amigos.

Minha filha me transformou em uma pessoa melhor sem fazer o menor esforço para que isso acontecesse. Meu filho vai me fazer mudar, na verdade já está fazendo, também sem fazer o menor esforço. Descobri ser uma mãe camaleão, que vai se adaptando às condições que a vida lhe impõe.

Minha vida está completa, me sinto muito feliz, realizada como filha, como mãe, como esposa.

Jaqueline Teles Lima

COMENTE:

Avalie este Fornecedor

Seu endereço de email não será publicado. Todos os campos são obrigatórios

Quando minha filha parou de respirar

25 de julho de 2014

alimentação saudável da criança menor de 2 anos

18 de agosto de 2014