É, quantas vezes vocês já ouviram falar que as crianças costumam ter um amigo imaginário?
AMIGO IMAGINÁRIO – Por Adriana Abijaodi Vieira
Nos dias atuais, essa amizade é bem mais compreendida. Antigamente, “encucava” bastante e também tínhamos pais que não tinham o conhecimento de hoje e soltavam “para com essa bobeira menino!”. Super normal e saudável, ou seja, faz parte do desenvolvimento infantil, essa amizade é uma maneira da criança elaborar algumas questões e até deve ser usado pelos pais para comunicar com seus filhos.
– Quem comeu o chocolate antes do almoço, Joaquim?
– Não fui eu, mãe, mas eu sei quem foi! Foi o Frank!
Este exemplo nos mostra que o Frank foi criado pela criança para desrespeitar uma regra e podemos pegar este “gancho” para trabalhá-las. Esta conexão criada pelos pais e a criança pode até os auxiliar para que possam compreender os sentimentos dos pequenos.
Existe um livro bem bacana, que usarei para ilustrar nosso texto. Uma menininha de dois anos e oito meses que tinha muito medo do tigre e de ser devorada por ele à noite. De repente, o tigre perdeu suas habilidades perigosas e selvagens, bem como os outros animais ferozes. A garotinha arranjou um companheirinho imaginário, o qual apelidou “Tigre Risonho”. E na nova personalidade do tigre, ele era assustado e obediente. Com esse amigo, a menina se fortaleceu e se sentiu amparada diante de seus medos e através da criação imaginária ela os enfrenta. O livro é da autora Selma Fraiberg, chama-se “Os Anos Mágicos”. Eu não tenho e não consigo comprar, se alguém encontrar, é só me avisar.
O pediatra e psiquiatra Donald Winnicott esclarece, define que o amigo imaginário pode começar a partir de um objeto transicional, por exemplo, um lençol que a criança costuma usar e brincar antes de dormir, para encontrar conforto emocional, pode funcionar como um amigo imaginário. Este lençol (ou um bichinho de pelúcia, ou qualquer outro objeto), muitas vezes, é apresentado à criança como conforto emocional: a criança está triste, doente, apresentamos um ursinho para a criança. E tal objeto, chamado por Winnicott de transicional, ajuda a reassegurar a criança que tudo ficará bem, que ela não está sozinha. A partir daí a criança pode, posteriormente, passar desse objeto concreto para um imaginário.
Bom, no fundo no fundo, as crianças têm consciência de que esse amigo não é real e com o tempo ele desaparece. Qualquer dúvida procure ajuda profissional.