As doenças alérgicas surgem da exposição aguda ou crônica de um indivíduo geneticamente predisposto a alérgenos específicos. Dentre eles, os alérgenos inalados e, em grande parte, presentes dentro do ambiente domiciliar, são os principais responsáveis pelos quadros de alergia respiratória em crianças.
Alergia respiratória e controle ambiental
A rinite alérgica é a doença alérgica mais comum e atinge 20 a 40% da população, especialmente crianças em idade escolar. É comum o uso de medicações anti-alérgicas por pessoas portadoras de algum tipo de alergia respiratória, tais como a rinite e a asma, porém, o controle dos sintomas alérgicos não depende apenas disso e dependerá, também, de um bom controle ambiental.
As crianças passam a maior parte do tempo em ambientes fechados, tais como sua residência, creches e escolas. Isso dificulta a circulação do ar e a manutenção de um ambiente arejado. Ao mesmo tempo facilita o acúmulo de alérgenos e irritantes no ar. Os ácaros da poeira doméstica, alérgenos de gato e baratas são os irritantes mais frequentemente encontrados. A exposição a fungos, animais de estimação, pragas e fumaça de cigarro também podem causar quadros de alergia.
Roupas de cama, travesseiros, colchões, tapetes e estofados são os principais reservatórios de ácaros e alérgenos de gato. Os ácaros podem sobreviver em mobílias por pelo menos 2 anos e suas substâncias alergênicas podem persistir em residências por períodos de 4 anos. Já os alérgenos de gato possuem grande poder de aderência em uma variedade de superfícies, como tapetes, carpetes, estofados, roupas de cama e vestuário de seus donos. Isso facilita o seu transporte para locais públicos e até mesmo para outras residências. Mesmo após a retirada do animal da residência, as substâncias alergênicas podem persistir por períodos maiores de 6 meses, o que justifica a não melhora imediata dos sintomas alérgicos.
Como principais medidas de controle ambiental, temos:
- Encapar colchões e travesseiros com capas anti-ácaro, que devem ser lavadas uma vez por semana. Não usar travesseiros de penas ou fibras vegetais;
- Retirar objetos que acumulem poeira, especialmente dos quartos, como carpetes, tapetes, cortinas, almofadas, livros, brinquedos acumulados e pelúcia;
- Fazer a limpeza de tapetes, carpetes e estofados utilizando aspirador de pó com filtro uma vez por semana;
- Remover a poeira das superfícies lisas com pano úmido diariamente;
- Para as famílias que já possuem animais de estimação, especialmente gatos, banhar regularmente o animal, evitar seu acesso aos quartos e locais de lazer das crianças, utilizar capas de colchão e filtros de ar. Aspiradores com filtros HEPA ou sacos duplos são mais eficientes em remover alérgenos de gato;
- Manter a casa arejada e permitir a entrada da luz solar nos cômodos todos os dias.
- Fechar as janelas nos períodos do dia com maior poluição do ar;
- Evitar o uso frequente de umidificadores de ar (o que facilita a proliferação dos ácaros e surgimento de mofo);
- Limpar superfícies com mofo e consertar infiltrações de água;
- Dedetizar a residência regularmente, evitando o surgimento de insetos, ratos e baratas;
- Evitar o contato com fumaça de cigarro e fumaça de outras origens (lareira, fogão a lenha, carvão, queima de lixo, etc).
- Evitar o uso de vassouras e espanadores. Esses espalham ainda mais os alérgenos no ambiente;
- Evitar o uso excessivo de produtos de limpeza, especialmente aqueles que deixam cheiros fortes no ambiente.
Novamente, o controle dos sintomas respiratórios não depende só do uso de medicações. O controle ambiental é parte fundamental do tratamento.
Leia também: