A continuação da história da padecente Renata Metzker e seu marido Daniel. Depoimento de um casal sobre outra via de parto, o Parto Adoção, dessa vez falando sobre o segundo filho adotivo, o Daniel.
Veja a primeira parte aqui: Parto Adoção
Segundo filho adotivo
Foram 2 anos de espera pelo nosso segundo filho adotivo. Quando o Bê completou um aninho, entramos novamente com o processo de habilitação para adoção. E uma bela tarde o telefone tocou, era da Vara da Infância. Emoção, pernas bambas, ansiedade, tudo de novo, porém não tão desconhecido como anteriormente, eu podia e devia fazer perguntas. Era o Daniel, 1 aninho! Mas Daniel? Não podia ser coincidência, mesmo nome do meu marido… Era sim o nosso filho chegando!
E mais uma vez o coração falou mais forte, não restavam dúvidas, mesmo sem vê-lo. E vamos à correria, selecionar as roupinhas que achávamos que caberia e começar a desocupar o cantinho preparado para ele. Deve ser estratégico, as ligações sempre antecedem ao final de semana, o que nos mata de ansiedade!
Já na segunda feira, cedinho, fomos até a Vara da infância, tínhamos apenas uma pergunta a fazer… uma “exigência”, pois estávamos bastante “escolados” pelo primeiro processo. Nada nos preocupava mais que uma contestação judicial. Já era definido por nós que não entraríamos em disputa judicial, definitivamente. De posse dos documentos, partimos para o abrigo.
Daniel
No primeiro encontro fomos sozinhos, eu e Daniel (pai). Estávamos arredios, claro, pois se tratava de uma criança de um ano, tínhamos que dar tempo para ele, chegar de mansinho.
Não esqueço aqueles olhos arregalados… tudo estranho, a vontade era de apertar, beijar e levar para casa, mas tínhamos que esperar. Mais uma vez a espera… Com 20 minutos de encontro, já foi possível ficarmos sozinhos com ele, mas a cada vez que passava uma “cuidadora” por perto, ele esticava os bracinhos e pedia socorro. Claro, éramos completamente estranhos para ele. Passamos a tarde juntos.
No segundo dia ele já veio direto para o nosso colo, conheceu o Bernardo e, assim ficamos o dia todo. Já dei banho, jantar e pedi para leva-lo para casa. Não! Mas ouvi que seriam necessários pelo menos 3 encontros para a convivência.
Susto
Já chegamos na quarta-feira como os corações apertados, tentando negociar a ida do nosso filho para casa, afinal ele já era nosso, já tinha família, não tinha porque dormir fora da casa dele mais um dia! Muita argumentação, toda certeza do mundo e pronto, o Juiz concede a guarda, podem vir buscar amanhã. Noite longa, últimos preparativos, coração pulando pela boca e chegamos ao abrigo.
“Olha, não temos uma boa notícia, Daniel saiu daqui com a “cuidadora” de ambulância em crise de bronquite, estava muito cansadinho, prostrado, foi para UPA”.
Silêncio… Choro. “Qual UPA? Tem o contato de lá? Estamos indo para lá.”
“Mas vocês vão?”
“Mas é claro!!”
UPA
Resumindo esta parte:
Meu marido, Daniel, se apresentou como pai (já estávamos com a guarda provisória em mãos). “Gostaria de ver o Dani”.
“Não, não pode ficar duas pessoas lá dentro”.
Sem problemas, o pai (médico) dele chegou, pode pedir para a cuidadora ficar aqui fora. E lá vem ela, com o Dani já andando nos corredores, com a carinha mais sapeca do mundo! Ufa….
E aí outra novela. Negligência, intolerância, prepotência médica. Não queriam liberar o Dani. Mesmo sabendo que ele iria imediatamente para um hospital particular, que já havia uma equipe médica o esperando. Foi necessário B.O. (boletim de ocorrência), mas ele saiu.
Hospital
E como dito, fomos imediatamente para o hospital, ficou em observação um tempo, foi medicado e não houve necessidade de internação. Desnecessário dizer que passamos a noite em claro, pois, apesar de sabermos e termos nos resguardado com toda a segurança médica possível, a pior forma de “ganhar” um filho, é através de B.O.
Para ajudar, houve uma tempestade nesta noite, e ficamos exatamente das vinte e uma horas até às seis horas da manhã do dia seguinte sem energia elétrica. Sem água quente para dar um banho nele. Sem o vaporizador que estava pronto para umidificar o quarto. Sem pegar no sono.
E a primeira semana foi assim, tensa, receosos pela saúde do nosso Dani, mas observando a melhora gradativa. Meu marido sempre a postos com o estetoscópio para avaliar se a bronquite havia mesmo melhorado, ao menor sinal de tosse. Dias e noites tensas, porém, extremamente felizes! Paralelamente a este quadro, ele se mostrava uma criança extremamente dócil, risonha e cativante, e claro, geniosa, como deve ser. Mostrou a que veio.
Hoje, passados 7 meses, estamos aqui, sem mais nenhum episódio de bronquite, com um “tourinho” comilão. Bernardo e Dani se deram muito bem, tendo, claro, episódios de ciúme, brigas, disputas por atenção, mas já na malandragem, na cumplicidade, verdadeiros irmãos.
A diferença de idade dos dois é exatamente dois anos, ambos de setembro, tudo uma verdadeira providência, pois o Bernardo precisava muito de um companheiro, de um irmão. Um está aprendendo com outro, e nós estamos aprendendo com eles. Dani, nosso segundo filho adotivo, veio acelerar a casa, tirar o Bê da zona de conforto e mais uma vez, nos desafiar como pais.
E o amor? É infinito!
Conheça também a história de adoção da Juliana e do Gabriel: