Esses foram os assuntos do Workshop de Prevenção e combate à pedofilia que mais me tocaram, os que afetaram e orientaram a Ana Flávia Ponciano, participante do evento. Ela fez um resumo para que outras pessoas tenha acesso e possam compartilhar.
Alguns trechos foram retirados do manual “Todos contra a pedofilia – do Ministério Público de Minas Gerais”
Prevenção e combate à pedofilia
1) O que é a pedofilia?
A pedofilia, dentro do campo da psicologia, é um desvio da preferência sexual (fantasias, desejos e atos sexuais) em que a pessoa tem predileção pela prática de sexo com crianças ou pré púberes. Geralmente o pedófilo (aquele que tem atração sexual por crianças) não é doente mental e tem plena consciência do que faz, embora alguns casos a pedofilia possa ser considerada um transtorno mental.
2) Como agem os pedófilos?
Os pedófilos se infiltram na vida da criança e agem de acordo com as necessidades dela: procuram se aproximar dando que a criança quer ou gosta e precisa. Assim, o pedófilo diminui a chance dela se defender das situações de abuso, e de negar seus pedidos: a criança passa a se sentir devedora da ajuda recebida. De maneira geral, o pedófilo costuma-se apresentar como um adulto alegre, participativo, e cooperativo, sempre disposto a atender o desejo ou a necessidade da pequena vítima, condições que passam desapercebidas pelos pais.
3) Os abusos sexuais podem acontecer com QUALQUER um.
Não existe um perfil definido e certo dos abusadores. Não existe padrão de perfil de abusador (se é mais novo, mais velho, de classe social mais baixa ou alta, grau educacional).
4) Na maioria das vezes o abusador é uma pessoa do círculo de confiança da família.
Veja nesse contexto (familiares, vizinhos, colegas ou até seus responsáveis). Nos relatos das padecentes, soubemos de tios, avós, pais, pastor de igreja, primos, professores. Fiquem atentas!
5) O abuso sexual pode ocorrer de diversas formas:
5.1 – Sem contato físico – por meio de cantadas obscenas, exibição os órgãos sexuais com intenção erótica, pornografia infantil;
5.2 – Com contato físico – por meio de beijos, carícias nos órgãos sexuais, ato sexual (anal, oral e vaginal)
5.3 – Sem emprego de violência – usando da sedução, persuasão, mediante presentes ou mentiras;
5.4 – Na forma de exploração sexual: pedir ou obrigar à criança ou o jovem a participar de atos sexuais em troca de dinheiro ou outra forma de pagamento (passeio, presentes, comida)
6) Outra forma de abuso sexual comumente percebido nos consultórios é aquele onde a criança assiste o ato sexual:
Ato praticado pelo pai e pela mãe, ou pelos seus cuidadores. É um trauma menor, tratável de forma um pouco mais tranquila, porém existente. Aos pais, cuidado em seu momento íntimo e com o quarto compartilhado. Na maioria das vezes a criança está aparentemente dormindo, mas vê e se assusta com o ato sexual, que é violento para sua concepção e maturidade. O mesmo vale para filmes com conteúdo erótico. Cuidado com os aparelhos de DVD ou filmes gravados em HD.
7) Ensine aos seus filhos já maiores que a porta fechada é sinal de privacidade dos pais:
Só faça sexo com a porta do quarto fechada e ensine as crianças que devem aprender a bater antes de entrar.
8) Fique atento a QUALQUER mudança comportamental da criança.
Se era agitada e passou a ficar retraída. Se era conversada e para de conversar. Se ficar mais violenta ou arredia. Se ficar mais quieta ou assustada. Se chorar sem motivos aparentes. E vice versa. Enfim. Nesse ponto também não há padrão. Cada criança reage de uma forma. Compete aos pais e responsáveis observarem QUALQUER distúrbio comportamental na criança
9) Avaliação profissional.
É cultural do brasileiro o “não tratar”. Logo, se a criança sofreu algum abuso, ou passou por algum trauma e deixa de demonstrar os sintomas iniciais, o profissional não é procurado (psicólogo, terapeuta). Aí mora o perigo. Trauma não resolvido é trauma que persiste, tendendo a trazer consequências graves no futuro. Logo, a criança DEVE ser avaliada e tratada por um profissional. Mães tem o maior amor do mundo, mas não são profissionais em todos os aspectos. Necessário o acompanhamento individualizado e especializado.
10) Acredite no que as crianças falam.
Claro, não na forma literal. Crianças vivem num mundo de fantasia, e podem sim fantasiar. Entretanto, caso a criança procure um adulto para mencionar algo envolvendo um tio, uma tia, sobre um carinho especial, ou até mesmo sobre algo que a incomoda, investigue a fundo. Há uma grande tendência no não acreditar, em maldizer a verdade da criança. Logo, deem atenção aos seus filhos. Busquem informações precisas e investiguem.
11) Em geral, a criança tende a não dizer nada.
Até mesmo porque, dependendo da sua idade, possui limitações em perceber que tais atos são errados. Para a criança, o que o adulto diz é lei. Logo, se um abusador conta para a criança abusada que isso é comum, ela tende a acreditar e pensa ser normal. Por isso é tão difícil descobrir o abuso.
12) Orientação e conversa com as crianças.
Imprescindível a conversa com as crianças, para explicar o que são as partes íntimas. Esclarecer quem pode tocá-las e de que forma isso é feito. Quando fazer isso? Assim que a sua criança já puder perceber. Meu filho tem 3 anos e aprendeu no workshop o que são partes íntimas. Um teatro, uma historinha, um conto são suficientes para a compreensão. O resto deve ser explicado aos poucos.
13) Dialogue com as crianças.
A melhor prevenção é a orientação e esclarecimento. Ouvi de mais de um palestrante o seguinte: Você não conseguirá evitar que o abusador chegue perto do seu filho. Você não pode estar presente 100% do tempo. Entretanto, se sua criança tiver o conhecimento do que é possível e do que é perigoso, ela poderá não permitir, ou ainda, caso ocorra, ela terá condições de te informar.
14) Permitir a conversa de forma aberta e receptiva.
Demonstrar para a criança que ela pode conversar com você, que ela será ouvida e protegida. Essa é uma forma importante de prevenção e combate à pedofilia.
15) Incentivar e permitir à criança viver o lúdico infantil.
Histórias infantis são o melhor exemplo para aguçar a criatividade, bem como para mostrar quaisquer assuntos para as crianças. Elas tendem a buscar soluções para seus problemas pautados nos contos infantis. Permitam e incentivem a busca constante do infantil nas suas vidas.
16) Conforme o palestrante Hugo Monteiro, as crianças não são idiotas.
Elas tem completa percepção do mundo ao seu redor. Sabem que são crianças e que nós somos adultos. Elas conhecem o mundo do faz de conta e do imaginário e não misturam os dois mundos. A troca de experiências entre o mundo imaginário e o mundo real é o grande diferenciador para as crianças. O que permite seu crescimento e aprendizado. Essa troca deve ser incentivada, e sempre que possível, devemos entrar também no mundo do imaginário, para permitir o acesso ao criativo.
17) As crianças que sofreram abuso sexual se tornam retraídas,
perdem a confiança no adulto, ficam aterrorizadas, deprimidas e confusas. Sentem medo de ser castigadas, às vezes sentem vontade de morrer, perdem o amor próprio, tem queda de rendimento escolar, apresentam sexualidade não correspondente à idade. Todo esse sofrimento inclusive impede a ida e volta do mundo da fantasia. Amadurecem de forma trágica.
18) Sinais físicos que indicam que uma criança ou adolescente sofreu abuso sexual:
- Lesões, hematomas,
- Lesões genitais,
- infecção urinária recorrente
- Lesões anais,
- Ganho ou perda de peso,
- Enurese noturna (fazer xixi na cama ou na roupa)
- Ecuprese noturna (fazer cocô na cama ou na roupa)
- Gestação (no caso de adolescentes ou raramente em crianças)
- Doenças sexualmente transmissíveis (gonorreia, cancro, herpes genital, Aids)
- Sono perturbado (pesadelos e/ou agitação)
19) A posse, produção e divulgação de material de pornografia infantil é crime.
Caso você receba material neste sentido ou veja em redes sociais, DEVE denunciar. O simples fato de remover para a lixeira do e-mail ou encaminhar para outros mencionando que discorda e acha absurdo, também é crime. DELETE todo e qualquer conteúdo neste sentido, bem como denuncie para a Polícia Federal.
www.pf.gov.br (copie o link e cole na página da PF, na janela de denúncia)
www.denunciar.org.br
www.safernet.org.br
Disque 100 (secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República – denúncia anônima)
20) Informe-se, aprenda, divulgue este conhecimento.
A página do Promotor Casé Fortes www.todoscontraapedofilia.ning.com possui um link para download da cartilha distribuída com inúmeras informações sobre a pedofilia.
21) Existem organizações autorizadas que apoiam a pedofilia.
Elas possuem sede nos Estados Unidos, amparados pela 1ª Emenda Americana (liberdade de expressão); Logo, existem sites oficiais neste sentido, e o risco é altíssimo também, com a abordagem na internet.
22) Pais e mães, CUIDADO com a divulgação de fotos dos seus filhos na internet e redes sociais.
O Promotor Casé Fortes mostrou imagens no Workshop que foram retiradas de computadores apreendidos. Imagens aparentemente simples (crianças no bale, uma menina de biquíni na praia, duas crianças dormindo juntas na cama). TODAS elas foram fotos roubadas dos perfis na rede, para o intuito da pornografia infantil. Elas podem ser comercializadas, ou simplesmente copiadas para servidores neste sentido. CUIDADO! Seus filhos podem ser vítimas desse tipo de abuso, abuso da imagem com intuito pornográfico.
23) Tipos de pedófilos:
Existem o pedófilo criminoso,o não criminoso, o não pedófilo que lucra com a pornografia infantil, o pedófilo doente mental.
24) Demonstre que você é uma pessoa atenta no combate à pedofilia.
Os pedófilos são covardes. Caso você demonstre publicamente que “está de olho” pode diminuir o risco para as crianças próximas a você. Se informe, divulgue e converse com as pessoas do seu convívio social sobre isso.
25) Traga o assunto pedofilia para a sala de jantar da sua casa e encontro com amigos.
Quanto mais informação for divulgada, mais conhecimento será difundido e mais crianças poupadas.
26) O Ministério Público de Minas Gerais
possui a Cartilha “Navegar com Segurança” – que orienta os pais para a proteção dos filhos da pedofilia e da pornografia infanto juvenil na internet, bem como o Manual “Todos contra a pedofilia” que pode ser acessado por meio eletrônico, na página https://todoscontraapedofilia.ning.com/
27) Livros recomendados no Workshop:
“Segredo Segredíssimo” – Odívia Barros
SEGREDO SEGREDÍSSIMO
“Pipo e Fifi”
Pipo e Fifi
“Antônio” – Hugo Monteiro Ferreira
Antônio – Hugo Monteiro Ferreira
Falei muito, mas ao mesmo tempo falei pouco. Poderia ser um novo livro, mas estes foram APENAS alguns apontamentos que ainda pipocam na minha cabeça, duas semanas depois do workshop.
Informem-se / Divulguem / Combatam!
Beijos da Padê
Ana Flávia Ponciano