Diante dos últimos acontecimentos resolvi escrever um pouco para vocês sobre o Diabetes Infantil que atualmente é a segunda doença mais comum na infância, com um número cada vez maior de diagnósticos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o diabetes é a doença do milênio.
Segundo um estudo da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o diabetes tipo 1 é uma das doenças endócrinas e metabólicas mais comuns na infância, cresce cerca de 3% ao ano em crianças na fase pré-escolar. Já o diabetes tipo 2, antes tido como uma doença de adulto, vem crescendo em taxas alarmantes em crianças e adolescentes, como consequência da epidemia mundial de sedentarismo, da obesidade e de maus hábitos de consumo alimentar. Soma-se a esses fatores, os diagnósticos inadequados e tardios com graves consequência para as crianças. Estima-se que, em média, cerca de 78 mil menores com até 15 anos desenvolvam a doença todo ano.
Segundo Barbara Young, presidente executiva da Diabetes UK “é particularmente importante que os pais conheçam os sintomas da doença.” Ainda segundo a especialista, os principais sintomas são: necessidade frequente de urinar, sede abundante, cansaço extremo e uma perda inexplicável de peso.
Uma vez feito o diagnóstico é preciso fazer o controle rigoroso com uma equipe multiprofissional de forma a manter os níveis de glicose o mais próximo da normalidade e evitar complicações futuras. A Associação Americana de Diabetes (ADA), recomenda a mais de 10 anos o método de Contagem de Carboidratos para o plano alimentar de crianças e adolescentes com diabetes tipo 1. De forma resumida, consiste em contabilizar os gramas de carboidratos (pão, arroz, batata, mandioca, cereais, biscoitos, farinhas, massas, grãos) consumidos nas refeições e lanches, com o objetivo de manter a glicemia dentro de limites convenientes. Tudo isso associado à alguma atividade física de acordo com a recomendação médica.
A alimentação adequada é fundamental no controle do diabetes. Ela deve seguir os moldes da alimentação saudável em todas as idades. Especialmente no diabetes tipo 1, o esquema de insulina vai ser determinante na definição do planejamento alimentar. O plano alimentar deve ser individualizado.
Conforme orientação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o diabetes não tira férias e requer cuidados durante o dia todo. Grande parte do tempo as crianças passam no ambiente escolar e por isso a escola deve ser envolvida nos cuidados necessários das crianças com diabetes e garantir a segurança dessas na escola.
Alguns cuidados são necessários no dia a dia dos alunos com diabetes, como espaço e tempo para realizarem seus controles e aplicação de insulina. Além disso, planejamento de lanches e alimentos mais saudáveis que devem ser consumidos no dia a dia e diante das intercorrências de hipoglicemia ou da prevenção da mesma. As consequências da glicemia descontrolada podem ser minimizadas ou evitadas se os professores e auxiliares forem informados quanto à condição do aluno e se houver pessoal disponível para ajudar o aluno com o controle do diabetes.
No ambiente ideal, as escolas deveriam estar familiarizadas com o diabetes e as necessidades para manuseio da doença e desta forma evitar as complicações decorrentes da falta de controle da glicemia nesse ambiente. Os alunos devem ter a permissão ou terem supervisão para a aplicação de dose de insulina quando necessária e realizar as correções de hipoglicemia e de hiperglicemia que podem ocorrer no dia a dia.
Algumas dicas de alimentação:
- É importante fazer pequenas refeições e controlar o consumo exagerado de açúcares e carboidratos.
- Aposte em vegetais e alimentos ricos em fibras, tais como cereais integrais, aveia, pois eles retardam a absorção de açúcar pelo organismo.
- Evite alimentos gordurosos em geral, como carnes gordas, frituras, embutidos, molhos e cremes ricos em gorduras, principalmente as gorduras saturadas, essas não devem passar de 10% do total de calorias diárias. Dê preferência ao uso do azeite, óleo de canola.
- Faça um prato bem colorido, inove nas preparações, mostre para a criança que ser saudável é legal!
Nesse link, tem uma cartilha com orientações bem interessantes: CARTILHA DIABETE INFANTIL.pdf
Retirar todas as guloseimas do cardápio infantil não é uma tarefa fácil, mas não há nada que uma boa reeducação alimentar não resolva. Tenha sempre em mãos frutas diferentes e opções de lanches mais saudáveis. Essa mudança de hábitos, além de ser saudável, não irá comprometer o quadro clínico.
Por fim, a criança diabética merece uma vida normal e sem problemas. Com a correta alimentação e o uso adequado de insulina, sempre sob orientação médica, ela mal se lembrará da doença.
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