Seis meses depois que meu marido foi transferido para São Paulo e eu passava a semana em Belo Horizonte sozinha com meu filho , nesse período tomamos algumas decisões.
Felipe mudou de colégio, entrou no Loyola onde esperávamos, houvesse uma parceria de verdade entre família e escola. O que não estava acontecendo na escola anterior.
Também mudamos de apartamento, para um perto do colégio, uma distância que permitisse ir a pé, sempre escolhemos deixar o carro na garagem. Meu marido ainda na expectativa de voltar para Belo Horizonte.
A mudança de escola foi maravilhosa, na única vez que fui chamada para conversar com a coordenadora do primeiro ano, Eduarda, me senti acolhida. Expliquei para ela nossas dificuldades com um pai morando fora, apresentei os testes e diagnóstico da psicóloga e da terapeuta ocupacional que o acompanharam e ela foi muito receptiva. Ao contrário da outra que não deu importância para as avaliações. O resultado disso foi que nunca mais fui chamada no colégio, Felipe não foi tratado como garoto problema e o desempenho acadêmico foi muito bom.
Família – decisões e mudanças
Um problema a menos, mas ainda haviam outros. Eu não via aquele apartamento como a minha casa, éramos eu, Felipe e Simei, que trabalhava comigo, num apartamento enorme. Um marido que vinha nos fins de semana e falava conosco por vídeo todas as noites.
Todas as noites o Felipe queria dormir na minha cama, era muita carência. Quando ele não pegava no sono lá, acabava aparecendo durante a noite. Eu me sentia insegura, financeiramente as coisas estavam começando a se complicar. Então veio a depressão (clique aqui para acessar o texto).
Depois que comecei a tomar os remédios indicados pelo meu psiquiatra, consegui voltar a dormir e logo consegui colocar a cabeça no lugar e organizar minhas ideias. Nas férias de julho fui para São Paulo com o Felipe, ficamos no flat com o Alexandre e eu avisei a ele:
Vamos nos mudar para São Paulo!
Desse jeito, não perguntei o que ele achava da ideia, nada, avisei que ia e pronto. Eu estava decidida, só vou criar filho sozinha se me separar ou ficar viúva. Não me casei para morar em cidades separadas, não tive filho pra criar longe do pai.
Em outubro passamos uma semana na cidade e eu fiquei procurando apartamento. Em novembro, com a papelada do aluguel em andamento marido aparece com medo de ser demitido e coisas assim. Adiamos a mudança. Surtei! Odeio ficar na indecisão. Em dezembro, ainda sem definição, mas assinei a papelada, pedimos a transferência do Felipe na escola e foi!
Dispensar a Simei foi um capítulo à parte. Ela estava comigo todos os dias desde que o Felipe era bebê, um amor de pessoa, discreta, boa, cuidadosa que sempre me ouvia e acompanhou todos os dramas familiares. Não foi fácil.
São Paulo
Me mudei no final do mês de janeiro, as aulas começariam no dia 26/01, Felipe ficou com meus pais e chegaram em São Paulo no dia 24. No aniversário de São Paulo, 25 de janeiro, 42 anos e comemorei na casa nova.
Não é tão fácil ficar longe da família e dos amigos, mas não é tão longe assim. A adaptação na nova escola foi muito tranquila, Felipe já se sente paulistano e já tem muitos amigos. Também já fiz amizades e, como trabalho com mídias sociais, onde tem internet tem 90% do que eu preciso, e trabalho para ocupar a mente não falta. Além disso São Paulo tem mil eventos e programas culturais.
Moramos perto da escola, o carro passa a semana paradinho na garagem. Não tenho uma pessoa me ajudando todos os dias, faço almoço, lavo roupa e coisas assim. Não digo que adoro esquentar a barriga no fogão, mas é tranquilo. Aos poucos vamos organizando um cardápio, horários, simplificando as coisas. Aprendendo a curtir um estilo de vida um pouco diferente.
Nos fins de semana íamos sempre para a fazenda com meus pais, acho que é disso que nos três sentimos mais falta. Mas compensamos com passeios ao ar livre, e conhecendo lugares novos e curtindo o que São Paulo tem de melhor. Somos nós três, a nossa família. Nem tudo é fácil, mas fico feliz por estarmos juntos todos os dias.
Perguntei ao meu filho se ele tem vontade de voltar a morar em Belo Horizonte, ele disse que não, e ele fala com todo mundo que nós dois estamos muito bem, que só o pai dele não gosta muito.
Para quem tem marido morando em outra cidade por causa de trabalho, recomendo pensar bem a respeito. Distância não faz bem para o casamento nem para os filhos. Por mais difícil que seja deixar tudo para trás, mudança dá uma gás. Coragem!
Clique aqui para saber como foi a primeira parte dessa história: