Fotos impressas, álbuns empilhados, adesivos divertidos colados em cada imagem… Soa familiar para quem viveu essa época, mas sabe-se que a realidade dos dias atuais é bem distinta: tudo está no mundo virtual, nos vemos, então, inseparáveis dos smartphones e das câmeras profissionais ou semiprofissionais. Falta cartão de memória para tanta selfie! E gera a exposição de crianças na internet.
O famoso “álbum do bebê”, nos quais constavam todos os dados do pequeno que nascera, se viu substituído pelos “ensaios newborn”, sessões de “smash the cake” e inúmeros outros jeitos de celebrar e registrar os primeiros instantes do filho tão desejado. O primeiro passo, a primeira vez em que se diz “mamãe”, “papai” – tudo está lindamente documentado nas redes sociais.
Exposição de crianças na internet
A evolução, contudo, traz consigo problemas comuns a qualquer outro campo social e é imprescindível que os pais tomem medidas de precaução para assegurar a integridade dos pequenos.
A exposição de crianças na internet, se excessiva, seja no Facebook, Instagram ou outro mecanismo de comunicação, pode ferir desde a personalidade, o espaço e até mesmo a segurança delas.
Muitos pais imaginam que, se se publica dentro de um determinado círculo de amigos, não haverá riscos. No entanto, nunca se pode precisar quais as intenções do outro, de quem acompanha a intimidade de cada um.
Fotos de uniforme
Fotos de uniforme, ainda que não deixem muito claro o nome da instituição de ensino, devem ser evitadas ao máximo (as cores podem ser conhecidas), por razões de segurança, tendo em vista que, frente ao amplo acesso digital que se vê hoje em dia, não seria difícil precisar dados, localização e, partindo daí, o risco é muito maior.
A pracinha e o parquinho
Divulgar a pracinha, o parquinho ou outro local em que a criança sempre é levada para praticar esportes, brincar ou, no caso de bebês, para passeios ao sol, é outro grande perigo.
A inacreditável precisão daqueles que se veem envolvidos na criminalidade no País assombra, sendo que tais indivíduos não precisam de grandes dados para formar um alvo. Quando se oferece a essas pessoas informações tão facilmente, tudo se mostra ainda mais perigoso.
Não são raros os casos de gerentes de agências bancárias que viram suas famílias sob imenso pavor, justamente porque suas vidas foram estudadas minuciosamente – não se sabe até que ponto as redes sociais podem ter sido instrumentos para tais males.
Nem todos que cercam são pessoas bem intencionadas
Para os pais de primeira viagem, é comum a dúvida: “será que a mancha no bumbum é sintoma de alguma doença?” Ou em outras partes do corpo?
Sem pensar muito, alguns chegam a postar automaticamente tais registros.
Infelizmente, nem todos que cercam são pessoas bem intencionadas.
A internet, como regra geral, possui um fenômeno denominado “cabeça de hidra”, em alusão à mitologia, em que se apaga um arquivo ou publicação num local, fruto de arrependimento, mas, logo em seguida, o conteúdo já se encontra em dois, três ou incontáveis sites.
O pequeno está de biquíni, sunga, fralda ou nu? Melhor evitar!
Crime
E se algum parente ou até mesmo desconhecido é advertido sobre não postar fotos ou a intimidade da vida da criança e mesmo assim o faz, é importante ressaltar que se trata até mesmo de um crime, previsto no artigo 247 do ECA.
Não é raro também verificar ações cíveis pedindo danos morais justamente por tal violação. Respeito é primordial, estabelecer esses limites é preciso e o diálogo, deixando claras as regras para exposição ou não da imagem e vida de seus filhos, é a base da boa convivência.
No mais, é fundamental que se tenha parâmetros ao partilhar momentos e, acima de tudo, prezar pelo bom senso. Afinal, parafraseando Antoine de Saint-Exupéry, se “o essencial é invisível aos olhos”, deve também ser menos visível às redes sociais.