Descobri que tudo aquilo que eu vinha sentindo nos últimos tempos tinha um nome: depressão. Não sei como foi que ela chegou, se foi de uma vez, ou se veio devagar e eu não percebi. Não sei se eu estava assim há dias, meses ou anos. Mas houve um momento em que descobri que eu havia me tornado uma sombra de mim mesma.
Procurei ajuda, comecei a fazer acupuntura, melhorou, mas não foi suficiente. Eu não dormia bem há meses, anos. Menos de seis horas por noite, às vezes bem menos. Sempre precisei de oito ou mais. Acordava todas as noites pouco depois das três da manhã e só conseguia voltar a dormir em torno das cinco. Comecei a anotar o que eu estava sentido para conseguir ter mais consciência do que se passava comigo naqueles momentos.
Estar com depressão
Sentia falta de ar, muita falta de ar, uma angústia sem fim. Queria mesmo que o mundo acabasse. Sim, eu desejava mesmo que isso acontecesse. Seria um alívio, uma libertação. Tinha taquicardia, crise de ansiedade. Cheguei a ter medo de sair de casa. Perdi a fé na vida, deixei de acreditar nas pessoas. Fiquei com preguiça de viver, mas pensava no meu filho e que ele não merecia ter uma mãe se sentindo assim.
Mesmo não gostando muito da idéia, fui a um psiquiatra, comecei a tomar remédios. Não acredito em remédios, acredito em tratar as causas e não as consequências dos problemas físicos e emocionais. Ao contrário da maioria das pessoas, eu sei. Me julgue, mas eu realmente acredito em outros processos. Apesar disso, segui conselhos e fiz, estou fazendo acompanhamento há pouco mais de um mês, confio. Meu corpo precisa.
Contei para as pessoas, não é vergonha nenhuma, pelo contrário, é preciso coragem para estar com depressão e continuar vivendo e fazendo tudo o que você precisa fazer todos os dias. Engraçado ouvir certos comentários como “você parecia tão forte”, como se isso fosse uma fraqueza. Não, não é. Porque é preciso ter o dobro da força para sair da cama todos os dias e seguir com a vida quando se está com depressão.
Quando contei, descobri que, dezenas de outras mães, estavam passando, ou já haviam passado, pelo mesmo que eu. De onde surge esse vazio no meio de uma vida tão cheia, tão sem tempo? O que acontece para ficarmos assim, perdendo a fé e a esperança e vivendo no automático? Não sei as respostas, mas sei o quanto é importante ficarmos atentas aos sinais e procurarmos ajuda. Nossos filhos precisam de mães felizes e saudáveis por muito tempo, e nós merecemos estar bem por nós mesmas! Não estamos aqui para viver uma vida em preto e branco vamos recuperar nossas cores!
Hoje estou tomando um antidepressivo e testando um segundo, e ainda tomo um remédio para ajudar a ter um sono mais tranquilo, confesso, por minha conta, nem toda noite tenho tomado esse remédio e tenho conseguido dormir bem sem ele. Tenho meditado antes de dormir, tenho esvaziado algumas caixas. Ainda não estou muito conformada em tomar os medicamentos, mas sigo com eles. Seja como for, me ajudaram a sair daquele buraco onde eu havia me enfiado.
De toda a ajuda que eu tive, uma realmente mudou algo na minha mente, foi uma coisa que a Lívia, que é psicóloga, me falou sobre o que leva as pessoas a entrarem em depressão (já pedi para ela escrever a respeito). O que ela me disse me fez pensar, me fez enxergar que, há muito tempo, eu não tinha mais sonhos. Então vi que, em algum momento, eu tinha aberto mão de todos os sonhos que já havia tido. Deixei-os de lado. Não queria mais nada. Estava vivendo a vida para os outros e não para mim. Foi ai que tive certeza do que eu precisava fazer, é simples, eu só preciso voltar a sonhar.
Esses são os profissionais que tem me acompanhado:
Eu tive depressão aos 17 e depois da gravidez… a tão temida pós-parto e acho em algumas horas que ela está de volta… pq eu tb… “… vi que, em algum momento, eu tinha aberto mão de todos os sonhos que já havia tido. Deixei-os de lado. Não queria mais nada. Estava vivendo a vida para os outros e não para mim.”…. quero te dar a mão e retomar a vida… boa recuperação!