Cortei o cabelo. Curto. E estou cortando tudo. Tudo o que está grande demais, difícil demais de cuidar, que dá trabalho e não tem retorno, que resseca, a vida e a alma. Estou desmanchando. Nesse meu novo tempo quero me dedicar ao essencial. Ao essencial à mim. Ao que me enche, ao que me deixa feliz, ao que me dá valor, ao que me dá retorno. Ao que me dá alegria.
Desmanchando – estou cortando tudo
Pra que manter no armário um monte de roupas que não usamos? Só de olhar aquele tanto de coisa, de ter que procurar o que queremos já perdemos um tempo e uma energia. Só de pensar no sapato pra combinar com a roupa verde limão de bolinhas amarelas, já me cansei.
Diminuí as tralhas das gavetas, as músicas dos play lists pra sobrar só o que amo, deletei mil e-mails do PC, desfiz… Estou me desfazendo, me desmanchando, apagando o que não vai de encontro a mim, agora.
Estou desmanchando. Parei com cursos que não me acrescentam mais, e, principalmente, deixei de fazer qualquer coisa pra conseguir a admiração, o amor, o carinho ou até o olhar de alguém. De qualquer um. A partir de agora, eu me proponho a ser eu. Custe o que custar. E só eu, já está muito bom. Vou cuidar da minha vida, especialmente. Com muita delicadeza. Vou observar onde não me conheço pra ser dona de todos os aspectos de mim.
Joguei um monte de coisas inusáveis que estavam nas ideias pra longe – crenças e ressentimentos que não mais me servem – doei também. Tirei as folhas secas do meu coração, aquelas coisas que já acabaram há muito e que a gente insiste em deixar ali, amontoado, ocupando um espacinho, só porque tem medo do que vamos ser sem elas.
Decidi ser leve, mesmo que doa. Ser livre, mesmo que machuque. Ficar sem chão, mesmo que eu caia. Vou gostar SÓ de quem gosta de mim, gostar de mim. Sentir o pé no que me presenteia, ficar perto do que agradece, do que pede perdão, e aceita a minha imperfeição.
Fechar ciclos
Deixar coisas, fechar ciclos, arrancar as máscaras que já posso ver, abrir mão, doar vestidos esvoaçantes. Tudo isso dói. Porque tem o apego. Não exatamente às coisas e pessoas, ou aos vestidos, mas, ao que somos quando estamos usando essas partes que consideramos nossas (as pessoas também) que estão do lado de fora. Vou olhar pra dentro. Pra me encontrar com o que está fora. De mim. Daqui. Do autêntico. Do inteiro.
Chega de equilibrar pratos, de tentar fazer com que tudo funcione, tudo dê certo, tudo esteja bem. Vou abandonar até a certeza, pra dormir até mais tarde. Esvaziar o saco cheio das inutilidades.
Quero minha vida pequena e inteira. Verdadeira. Cheia do que amo, mesmo que doa. (porque amar dói, tá gente? E é natural que seja assim…)
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