E então: asma ou bronquite?
– “Meu filho tem crises frequentes de cansaço, chieira e falta de ar.” Desabafa a mãe no consultório.
– “Seu filho tem asma?” – Completa a médica.
– “NÃO, doutora! Meu filho tem bronquite!”
Asma ou bronquite? A verdade é que a “bronquite” da criança é o nome popular da asma. Na prática, são denominações diferentes para o mesmo problema: a inflamação das vias aéreas inferiores que cursa com broncoespasmo (contração dos brônquios), que por sua vez leva à sibilância (chieira), tosse seca e cansaço.
Pode-se dizer que “bronquite” é um eufemismo da asma, uma vez que muitas famílias pensam (ou são incorretamente informadas) que asma é necessariamente uma doença grave e preferem usar o termo “bronquite” para suavizar o diagnóstico e evitar o estigma.
No entanto, nem toda a asma é grave. Pelo contrário, a maioria absoluta das crianças tem o que chamamos de asma intermitente, com crises esporádicas, que ocorrem geralmente no inverno ou quando a criança é exposta a fatores irritantes como cheiro forte, poeira ou mofo. Outras possuem asma persistente leve, em que os sintomas são mais frequentes, porém sem grande impacto na qualidade de vida. São quadros geralmente fáceis de controlar com tratamento adequado, mas frequentemente mal abordados pela resistência dos pais em aceitar o diagnóstico e aderir corretamente ao uso das medicações. Asma grave, de difícil controle é a exceção!
Na asma, geralmente há história da doença na família, especialmente em pais e irmãos e é frequente a associação com outras formas de alergia, seja na pele (dermatite atópica) ou no nariz (rinite alérgica).
Para complicar um pouco, há ainda bebês (habitualmente não alérgicos, e sem casos de asma na família) que têm uma “chieira passageira”, geralmente durante as viroses e, que desaparece nos primeiros 2 anos de vida. Estes pequenos se enquadram no que chamamos de “lactentes sibilantes” e há uma tendência em evitar o termo “asma” até que o diagnóstico se defina.
O acompanhamento com pediatra ou pneumologista pediátrico é essencial para definir o diagnóstico.
É importante saber o nome correto do problema para compreender a proposta de tratamento e a evolução. Não podemos aceitar como normal a criança que cansa para brincar, que tem tosse frequente, “chieira” à noite e que falta muito à escola com crises.
Asma não é nenhum bicho de 7 cabeças, mas a criança asmática precisa ser adequadamente tratada e acompanhada.
E se for asma ou bronquite, o que fazer?
Melhor prevenir do que remediar. Esta máxima também serve para a asma. O ideal é reconhecer o que faz a criança entrar em crise e, sempre que possível, evitar estes fatores! Os vilões costumam ser objetos que acumulam poeira (tapete, cortina, bichos de pelúcia), e os cheiros fortes (produtos de limpeza, perfume, colônias, tintas, fumaça de cigarro, mofo), além de animais de estimação. As mudanças de tempo também podem desencadear as crises, bem como os resfriados. Nestes casos o que temos a fazer é iniciar rapidamente o tratamento para evitar que a crise se agrave!
Toda criança asmática (mais precisamente a mãe) precisa ter em mãos uma medicação para “cortar” a crise no inicio do quadro: Aerolin, Berotec, de preferencia na forma de bombinhas, para obter um resultado mais rápido.
– “Mas estas medicações viciam? Atacam o coração?”
A resposta é NÃO. São medicações inalatórias, pouco absorvidas, super seguras, que podem acelerar um pouquinho o coração de maneira transitória, mas que não são capazes de desencadear arritmia ou problemas cardíacos. O atraso no inicio destas medicações pode levar a piora do quadro ou a “não melhora”, com maior risco de visita à urgência ou internação.
Aqueles que têm sintomas muitos frequentes, precisam usar também medicação preventiva, para evitar as crises: Clenil, Flixotide, Singulair.
A escolha do tratamento é individualizada e deve ser supervisionada de perto pelo pediatra ou pneumologista. A orientação sobre a técnica correta de utilizar as bombinhas, com o uso de espaçadores também é de suma importância.
O tratamento pode ser modificado até que a meta seja atingida:
CORRER SEM CANSAR, DORMIR SEM TOSSIR. A CRIANÇA ASMÁTICA PRECISA E DEVE TER UMA VIDA NORMAL.
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