Às vezes recebo em meu consultório alguns pais assustados, trazendo a tiracolo algum adolescente rebelde ou super tímido. As queixas geralmente são: que não conhecem mais os seus filhos, que estão agressivos ou inseguros demais, que não comem, que dormem tarde, que mudaram completamente o comportamento. Mas a grande campeã é o distanciamento e o “desligamento” dos jovens, o que na verdade é muito comum nessa fase, a adolescência.
Adolescência. O que é isso?
A adolescência é um período complicado para pais e filhos. As relações ficam mais difíceis, as preocupações aumentam e devido a isso é preciso administrar com calma essa fase cheia de experiências novas. Aparece de tudo: desde atitudes sociais reivindicatórias, contradições sucessivas, luta constante por uma separação progressiva dos pais, flutuações constantes de humor e de estado de ânimo, crises religiosas, busca de identidade, dentre outros “sintomas”.
Mas o que acontece na adolescência?
Na adolescência, a criança já se foi e o adulto ainda não chegou. E é nesse “vazio” entre uma fase e outra, que o adolescente busca se posicionar nesse novo mundo, enfrentando mudanças hormonais, cerebrais e comportamentais. O adolescente vai tentando se reconhecer em seu meio ambiente, trazendo consigo toda uma ambivalência natural dessa fase.
Eles buscam ansiosamente descobrir o que os outros vêem nele e como ele é reconhecido, para assim poder se reconhecer. Entre a criança que se foi e o adulto que não chega, o espelho do adolescente é freqüentemente vazio. Podemos entender então como essa época da vida pode ser campeã em fragilidade de auto-estima.
Estranhando as mudanças corporais e sem o olhar apaixonado dos pais de quando era criança, a insegurança se torna assim o traço próprio da adolescência. Grande parte das dificuldades relacionais dos adolescentes com seus pensamentos diferentes, deriva dessa insegurança, tanto numa timidez apagada quanto no estardalhaço maníaco, manifestam-se as mesmas questões de quem se sente não mais adorado e ainda não reconhecido pelos próprios pais.
E a conseqüência disso, pode ser desde crises de baixo auto-estima e insegurança até agressividades com pessoas mais próximas, Eles estão tentando se reconhecer, e com isso as pais, irmãos, professores e colegas de classe podem ser o alvo de sua instabilidade emocional nessa fase.
Além disso, temos que levar em conta a pressão do mundo contemporâneo. Os adolescentes são altamente exigidos, porque em tempos modernos ser competitivo, ser bem sucedido, ser esperto, ser “ inteligente” e ser popular, devem ser as metas principais de suas vidas. E a grande maioria não se enquadra nesse patamar.
Segundo Rosely Sayão, os adolescentes, no presente, sofrem uma pressão desmedida para que tenham sucesso escolar e pessoal, além de boa aparência, segundo determinados modelos; para que sejam populares; para que participem de determinados grupos sociais, e para que sejam felizes, muito felizes, porque damos “tudo o que não tivemos” a eles! E isso tudo é somado às inquietações de quem vive um momento de crise. Crescer dói, é preciso que lembremos sempre disso!
Sim, crescer dói, por isso os adolescentes precisam de seus pais, dos adultos que convivem com eles na escola, nos clubes e em todos os ambientes por onde circulam. Precisam APENAS serem notados e acolhidos nesse momento de transformação e crescimento psíquico, emocional e físico.
Mas, Como ajudá-los ?
A Psicoterapia: Os transtornos de insegurança e ansiedade na adolescência são reconhecidos como entidades patológicas de prevalência relevante em estudos recentes, porque podem causar manifestações clínicas capazes de gerar importantes prejuízos no funcionamento normal do indivíduo.
Nesse caso, o tratamento de psicoterapia é muito indicado, já que levam o adolescente a aprender a gerenciar seus medos de errar e poder exercitar sua ousadia nas situações, ponderando com ele os reais riscos. O objetivo final de uma psicoterapia é ajudar o adolescente a desenvolver sua autonomia para que consiga ser a autora de sua própria história.
Contudo, existem outras medidas que os pais podem e devem tomar:
- Presença, sempre! Os pais devem estar presentes na vida dos seus filhos. Presentes de corpo e alma. Não só o corpo, mas vigilantes e próximos.
- Entender que os filhos cresceram.
- Respeitar o momento dos filhos , acolhendo-os.
- Não julgar os filhos. Dialogar sempre.
- Mais afeto, menos cobranças.
- Dê uma liberdade acompanhada, com limites, mas com confiabilidade.
- Hierarquizar a gravidade dos problemas.
- Vigiar: mudanças de comportamento, tristeza, isolamento, agressividade, diminuição ou aumento de peso, pouico dialogo, vestindo roupas de mangas compridas….
- Autoridade x autoritarismo: Pais podem ser amigos, mas a hierarquia sempre existirá; não é uma relação de iguais, de colegas ou amigos apenas.É uma relação onde o respeito e autoridade se constroem sobre o amor e admiração, não sobre o medo de castigo e represálias.
Fica a dica!