Escutamos as Padês no início do ano sobre seus principais interesses quando o assunto é Sustentabilidade e o tema vencedor foi o Consumo Consciente. Uma pauta que rende livros e mais livros por sua amplitude e importância, uma vez que direciona cada indivíduo para formas de contribuir com um mundo melhor por meio de escolhas de consumo, e são muitas as opções.
Taxa Rosa
Como mulheres, a primeira coisa que quero informar a vocês é que somos “vítimas” também do mercado. Pagamos, em média, 10% a mais do que os homens pelos mesmos produtos, e o que está por trás disso é a chamada Taxa Rosa: diferenciação (aumento) no preço de uma mercadoria que é destinada ao público feminino. Ou seja, além de recebermos menos que os homens, nossos gastos ainda são maiores; pagamos a mais pelos mesmos produtos. Várias pesquisas foram feitas e apontaram que mercadorias infantis feitas para meninas e meninos, roupas e até lâminas de barbear são mais caros para nós.
Modelo Feminino Ideal
Passado esse primeiro choque, vamos ao segundo, no início dos anos 2000, aprendi na faculdade que víamos, por dia, mais de 2000 logomarcas, isso numa época em que internet era limitada ao computador desktop, então, imaginem agora? Além do bombardeio estimulando o consumo, a linguagem das propagandas insiste, em pleno 2018, em reforçar um estereótipo de mulher, demonstrando que, sim, precisamos de produtos de beleza, que existe um modelo feminino ideal (e inalcançável) e precisamos consumir e buscar esse padrão (isso sem falar nas propagandas que objetificam a mulher).
Como mãe, informo que esse mercado se estende também a nós. Comprar brinquedo, comprar roupa, comprar figurinha, comprar tênis, comprar…Na minha casa a televisão é reduzida a quase zero, mas ela existe e basta uma propaganda de brinquedos para brilhar os olhos dos meus filhos. A propaganda direcionada aos pais chega a ser cruel, porque ela é envolvente, emocionante, recheada de storytelling e eu sempre me emociono com as carinhas dos bebês e as histórias das crianças que passam na TV quando estão vendendo sabonete, fralda, mochila, chocolate.
Impactos do consumo
A boa notícia é que podemos sair desse círculo vicioso e tomarmos novas decisões. O excesso de produção para o mercado, o excesso de consumo, o excesso de descartes causam impactos no meio ambiente, na economia, nas relações sociais e até em nós mesmas. Se tivermos consciência desses impactos ao escolhermos o que, por que, de quem e como comprar, podemos maximizar o que é positivo e contribuir para a construção de um mundo melhor fazendo com que o nosso ato de compra (e de consumo) seja, também, um ato de cidadania.
Consumo Consciente
Nós temos o poder de influenciar o mercado e devemos direcionar nossas escolhas diárias e consumir com consciência. E a primeira reflexão é sobre o EQUILÍBRIO entre a satisfação pessoal e a prática de um consumo que seja capaz de maximizar as consequências positivas não só para si mesma, mas também para as relações sociais, a economia e a natureza. Ser um consumidor consciente é saber que ações individuais e pequenos gestos são capazes de promover grandes transformações no mundo.
O consumo consciente vai desde a reflexão sobre a redução da quantidade de peças que necessitamos adquirir, uso e descarte de produtos, economia de água e energia até a reutilização de materiais que, muitas vezes, são considerados lixo. O Instituto Akatu, referência em consumo consciente, traz dicas para quem quer repensar sua relação com o mercado. São elas:
1. Planejar
Não seja impulsiva nas compras. A impulsividade é inimiga do consumo consciente. Planeje antecipadamente e, com isso, compre menos e melhor.
2. Avaliar os impactos de consumo
Leve em consideração o meio ambiente e a sociedade em suas escolhas de consumo.
3. Consumir apenas o essencial
Reflita sobre suas reais necessidades e procure viver com menos.
4. Reutilizar produtos e embalagens
Não compre outra vez o que você pode consertar, transformar e reutilizar.
5. Separar os resíduos
Recicle e contribua para a economia de recursos naturais, a redução da degradação ambiental e a geração de empregos.
6. Utilizar crédito com responsabilidade
Pense bem se o que você vai comprar a crédito não pode esperar e esteja certo de que poderá pagar as prestações.
7. Valorizar práticas de responsabilidade social
Em suas escolhas de consumo, não olhe apenas preço e qualidade do produto. Valorize as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a sociedade e o meio ambiente.
8. Evitar produtos piratas ou contrabandeados
Compre sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribua para gerar empregos estáveis e para combater o crime organizado e a violência.
9. Contribuir para a melhoria de produtos e serviços
Adote uma postura ativa. Envie às empresas sugestões e críticas construtivas sobre seus produtos e serviços.
10. Divulgar o consumo consciente
Seja um militante da causa: sensibilize outros consumidores e dissemine informações, valores e práticas do consumo consciente. Monte grupos para mobilizar seus familiares, amigos e pessoas mais próximas.
11. Cobrar dos políticos
Exija de partidos, candidatos e governantes propostas e ações que viabilizem e aprofundem a prática de consumo consciente.
12. Refletir sobre seus valores
Avalie constantemente os princípios que guiam suas escolhas e seus hábitos de consumo. Planeje suas compras.
13. Compre local
Essa simples atitude pode estimular a economia, contribuir com a geração de emprego e renda, incentivar a inovação, a diversidade e até diminuir o trânsito. E quando falo em consumir localmente, me refiro aos nossos bairros, e cidades.
Movimento Transformador
Ao praticar esses passos, você fará parte de um movimento transformador. Consumir consciente não é deixar de consumir. É consumir melhor e diferente, levando em consideração os impactos e o poder que temos de transformar comportamentos em práticas positivas.
(Fonte: AKATU)
Por último, deixo algumas das atividades que desenvolvo com os meus filhos como outras dicas, essas mais locais e caseiras:
– Ganhou e/ou comprou, doou: qualquer novo brinquedo que entra em casa, a mesma quantidade tem que sair para doação. Não importa se ganhou ou comprou
– Um presente de aniversário: quando fazemos festas pedimos aos convidados que, se quiserem, podem deixar um troco para as crianças. Com a vaquinha, eles vão numa loja de brinquedos e escolhem apenas UM presente (em nossas experiências, eles conseguiram comprar brinquedos que nunca ganhariam – por serem muito caros)
– Composteira: lixo aqui em casa vira adubo e as crianças ajudam a alimentar as minhocas e deram até nomes para elas
– Armário de reciclados: embalagens podem ser reaproveitadas e, com elas, podemos fazer castelos, casas, carros, instrumentos musicais, ferramentas etc. Destinamos um armário da nossa casa para armazenar as embalagens
– Criar nossos próprios brinquedos: fazemos gincanas, aventuras, criamos músicas e histórias sem precisar comprar nada
Nós não restringimos tudo, mas tentamos, juntos, concretizar essa nova consciência que necessita de desconstrução e resiliência e vamos, juntos de passo em passo.
Você já pensou em ter um estilo de vida mais sustentável?