07 de março de 2014
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Traição e Perdão – Anônimo

Nunca fui uma garota bonita no colégio ou na adolescência. Era popular porque conhecia muita gente, sempre tive muitos amigos e era de fácil comunicação, mas nunca beijei ninguém no colégio. Não fazia o tipo que os meninos gostavam.

Traição e Perdão – Anônimo

Quando entrei na faculdade as coisas mudaram um pouco, o corpo se desenvolveu, tinha mais opções de beleza, e comecei a chamar a atenção dos garotos, mas nada muito diferente de antes. Entrei pra academia, queria ficar gostosa. Perdi a virgindade com 19 anos, em um encontro de estudantes, uma paixonitezinha que não durou porque o cara não era da minha cidade. Logo depois comecei a namorar meu marido quando estava no meio da facul, e foi um amor louco instantâneo. Nos casamos logo que me formei, apesar de várias pessoas serem contra em virtude da nossa pouca idade. Foram anos maravilhosos, até que entrei em uma fase de depressão.

Tinha uma amiga que era também casada com o melhor amigo do meu marido e sempre foi de muita farra, e comecei a sair muito sozinha com ela para ver se me animava um pouco, até com incentivo do próprio marido. Foi então que eu percebi que os homens me olhavam diferente, mexiam comigo, me queriam. Eu era bonita? Estava agora bonita?  Era a aliança no dedo? Não sei. Fato é que me deixei levar por essa mistura de sentimentos e fiz a burrada. Mais de uma vez. Sim, eu traí meu marido.

Durou um tempo e passou. Passou mesmo. Comecei a me arrepender, a ponto de alguns anos depois não conseguir mais lidar com isso. Vivia com medo. Qualquer jeito que ele me tratava diferente, eu já achava que ele sabia. Frequentávamos na época um curso da igreja para casais (me converti como evangélica uns 4 anos depois do ocorrido) e cada dia mais tinha certeza que precisava ser honesta com ele. O problema é que ele sempre foi do tipo machão, duro, e achava que nunca ele ia me perdoar.

Comecei a orar para Deus me orientar e me dar forças para que eu tomasse a decisão correta. Estávamos com problemas para engravidar e eu tinha certeza que era um sinal de Deus me dizendo que eu precisava de acabar com esse segredo. Um belo dia tomei coragem e contei. Assim, do nada. Antes de eu começar a falar, ele já tinha percebido que era alguma coisa séria, e disse: “independente do que você tenha feito, quero que saiba que eu já te perdoei!”. Comecei a chorar e contei tudo. Ele também chorou muito, me disse que até então achava que eu era perfeita, que eu estraguei essa imagem que ele tinha de mim. Fiquei arrasada. Me senti a pior pessoa do universo. Eu disse a ele que se ele quisesse, tinha todo o direito de se separar, mas que eu não conseguia mais viver com aquela mentira. Ele disse que ia superar.

No dia seguinte eu saí para trabalhar e ele também, mas acabamos nos encontrando em uma situação, e ele disse que não estava aguentando viver com aquilo. Gelei. Falou que precisava compartilhar com alguém e pediu para contar para um amigo, nosso pastor da igreja, que tinha uma família que era, pra gente, o exemplo de família perfeita, comercial de margarina, como disse a outra colega no seu texto. Eu, claro, concordei na hora. Ele foi no outro dia.Passada a hora do encontro, ele nada de me dar notícias. Uma hora, duas, três…eu já estava desesperada sem saber o que acontecia. Eis que chega na minha sala um buquê de flores com um cartão escrito: “Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas”. Nem preciso dizer que eu morri verde na hora. Chorei rios, liguei pra ele e ele não atendeu, só mandou uma mensagem: vem pra nossa casa agora.

Fui correndo e quando cheguei ele me recebeu de braços abertos, dizendo que me perdoava de verdade, que me amava muito, mas que eu precisava entender que ele precisava de um tempo pra digerir a situação e pra tentar esquecer. Eu disse a ele que lhe dava todo o tempo do mundo, claro. Quando perguntei o que ele tinha conversado com o pastor, ele contou que o pastor disse a ele, depois de ouvir toda a conversa, que há 7 anos ele tinha ouvido a mesma coisa da sua esposa. Isso, o casal perfeito do comercial também já havia passado pelo mesmo que nós. E disse mais: Fulano, você tem que valorizar mais do que nunca a sua esposa. Ela optou entre a verdade e a mentira, entre uma vida honesta em Cristo ou uma vida de mentiras com você. Não vai ser depois dessa demonstração que você vai abandoná-la. Isso a tornou mais justa que antes. Não acreditei em tudo isso! Era bom demais!

E assim foi. Já faz 3 anos que eu contei, e foi a melhor opção que eu fiz. Até hoje temos recaídas? Sim. Dependendo de um filme ou uma música ou uma brincadeira, vejo que ele fica pensativo, triste, até chora ainda. Mas eu sigo firme, seguro, aceito, engulo seco. Eu errei. Tenho que lidar com isso. Torço para um dia seja apenas uma vaga lembrança na memória dele.

Aprendi minha lição. Alguém perguntou no texto da colega como a confiança se restabelece. Do outro lado eu não sei, mas posso dizer pela minha situação que eu nunca mais sequer olhei para outro homem. O presente do perdão que Deus me deu, e o compromisso com que venho encarando agora meu relacionamento, não deixa brecha nenhuma para que nada disso ocorra de novo. Eu tenho essa convicção, e espero que ele também a tenha. Acho que tem.

Um mês depois que eu contei, eu estava grávida. O amor venceu. O compromisso venceu. Jesus venceu por nós e em nós. E nos presentou com uma família maravilhosa. A verdade é sempre o melhor caminho, mesmo que doa. E ela dói.

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